31.12.03

Já vai tarde

Pra variar, eu estou deprimido com o final do ano. Sempre fico, desde guri. Nesse ano, que foi especialmente ruim, com a honrosa exceção de algumas poucas coisas muito boas, parece que está pior. Mas eu também sei que daqui a pouco passa. Tomara que as outras coisas ruins passem também.

Dessa forma, se alguém me vir por aí comemorando demais o fim de 2003, não estranhe. É que foi muito ruim mesmo.

23.12.03

Tu viu, Papai Noel?

E o fim do ano, irremediavelmente, chegou. As pessoas com quem eu converso estão pensando em suas resoluções de Ano-Novo, e desejando um Feliz Natal pra todos ao vivo e por e-mail. Eu ainda não tive tempo de pensar nas minhas resoluções para o Ano que entra, porque eu estou resolvendo um monte de coisas no final deste ano ainda.

Alugamos um apartamento em Casa Amarela, e a gente se muda amanhã. Vai ser uma mudança rápida e rasteira, até porque a gente ainda não sabe o que cabe no apartamento novo, que é pequeno. Então estamos levando camas, geladeira, fogão, essas coisas que você precisa mesmo. Também instalamos um velox, e quando eu conseguir recomeçar do zero esse computador, acho que vai ser bem decente a minha conexão caseira.

E como eu sei que eu não vou escrever de novo nem tão cedo, eu gostaria de aproveitar esse momento para desejar a todos os visitantes do quadrifonia momentos de alegria e regozijo nesse Natal e Ano-Novo. Que o espírito de fraternidade que se apossa de nós nesses dias continue valendo após a primeira quinzena de janeiro, e que de várias formas o Ano-Novo possa ser melhor do que este que termina. Boas Festas, e não bebam demais.

18.12.03

Pela décima vez

Deve existir um ranking, em algum lugar, enumerando quais são os arquivos mais reutilizados na internet. Hoje eu me lembrei disso quando recebi um e-mail com uma foto da seleção argentina, especificamente uns seis jogadores, numa cobrança de falta onde eles estão fazendo a barreira. Os seis platinos atletas estão fazendo caras e bocas, e também protegendo o saco, no momento em que o jogador do outro time - que eu nunca cuidei de observar qual é - vai chutar a pelota.

Alguém muito esperto pegou essa foto e acrescentou bolsas - dessas de dondoca - nos antebraços dos rapazes, de forma que fica parecendo que a seleção argentina foi às compras. Ou pelo menos essa é a idéia. Um outro esperto no colocou bolsas, mas uma jovem loura pelada, dando a impressão de que nossos vizinhos não gostam muito da fruta.

Eu já recebi ambas as fotos umas trezentas vezes. Essas e uma que tem um urso polar de pernas pro ar, aparentemente depois de levar um baque na neve - com uma placa escrito "slippery when wet" ou coisa parecida. A do helicóptero com um tubarão pulando pra fora da água. Isso sem contar as desgraceiras que o povo manda com foto de criancinha deformada.

Agora me digam uma coisa. O que é que eu faço com tudo isso? A resposta óbvia nem cabe, pois arquivos digitais, intangíveis que são, não podem ser enfiados em lugar nenhum. Passar adiante eu não vou, porque meus amigos não merecem. Ninguém merece. As de criancinha eu faço uma busca rápida pra ver se confere, se a criança e o caso existem mesmo. Nunca dá positivo. Parece que os guris que precisam mesmo nunca aparecem nos meus e-mails.

16.12.03

Só daqui a muito tempo

Hoje eu estava conversando com o Zeca - do Superoutro - que a verdade sobre os nossos tempos só vai ser sabida daqui a muitos anos. Tome como exemplo todas as teorias sobre o desastre de onze de setembro de dois mil e um. Eu já ouvi todo tipo de teoria, das mais cabíveis às mais absurdas, sobre como e porque o acontecido aconteceu. A lista de possíveis culpados e envolvidos no ataque só não inclui Júlia porque ela ainda não tinha nascido. E agora é esse negócio do Saddam. Já disseram que ele já estava preso e também que esse não é ele, mas um dos inúmeros sósias. Vão apelar para o DNA do Ratinho. Mas e se o DNA de referência não for o do Saddam verdadeiro? E se ele era esperto mesmo?

Pensando sobre isso é que eu vejo que, se só hoje estamos descobrindo as verdadeiras cobras e lagartos sobre a ditadura, é provável que só daqui a uns trinta anos a verdade sobre toda essa safadeza venha à tona. Ou então, quem sabe, estamos testemunhando o nascimento de mais um grande mistério da humanidade, feito o assassinato do John Kennedy, a identidade de Jack, o Estripador ou o paradeiro atual do meu Arkology.

14.12.03

O mundo e o Texas

Hoje fomos tocar na capital do Texas. O Texas é o estado da federação que fica acima daquele em que moramos, Pernambuco. Eu não me lembro mais quando nem exatamente porque começamos a nos referir à Paraíba como "O Texas", mas sei que a alcunha colou. Foi aquela diversão de sempre, e o som de hoje foi bastante honesto. O show do Vamoz, que tocou antes de nós, foi muito bom, e o nosso foi uma bosta. Não quero imaginar como estava na frente, mas no palco, ninguém ouviu nada ainda que estivesse tudo muito alto.

Falando em Texas, prenderam o Saddam e o texano que mora na Casa Branca está aproveitando a subida repentina de popularidade para ameaçar o mundo e se animar para a reeleição. Que coisa mais animadora. Por mais que a gente saiba que o poder de um presidente está limitado por todos os lados pelos interesses daqueles que o ajudaram a chegar ao poder, e que esses a gente nem põe nem tira, pelo menos através do sufrágio, a idéia de mais 4 anos de W. Bush me dá vontade de engrossar as fileiras dos exércitos do profeta. Não tem ONU pra embargar isso não?

Essa semana eu vim muito pouco à internet e aparentemente o que eu escrevi nessa minha passagem rápida desapareceu no limbo. Também não li os blogs de ninguém, nem respondi e-mail, foi uma verdadeira bagunça. Mas parece que apareceu um apartamento para irmos morar, acho que essa semana a gente fecha um contrato e tudo mais. Vai ser bacana se isso acontecer mesmo.

E lá vem o Natal. E o fim do ano. Eu não gosto de festas de fim-de-ano, mas estou muito feliz que este vai acabar.

4.12.03

Stupid men on suits and ties

Estou no aeroporto de Brasília aguardando o embarque do meu voo de volta pra Recife. No momento estou testando os serviços do Wi-fi, um sistema de internet sem-fio que a Telemar aparentemente está implantando. Se não for de mentirinha, funciona mesmo, e rápido, e provavelmente vai custar os olhos da cara para nós mortais.

Esse avião não vai cair. Aparentemente, estamos eu, o Marco Maciel, o Ricardo Fiúza e o Humberto Costa todos na mesma aeronave, que está atrasada em mais ou menos duas horas. É muito vaso ruim pra quebrar de uma vez só, então eu estou tranquilo. Mas acho que o Ricardo Fiúza compra sempre duas passagens em companhias diferentes, pra se safar desses incômodos, com nosso precioso dinheiro. Vamos ver.

Por uma conjunção de fatores dessas que acontecem comigo volta e meia, eu tenho só dois reais no bolso, e vou precisar comer alguma coisa até a hora do embarque. Eu pensei em pedir a um desses digníssimos senhores que pague uma refeição pra mim. Afinal de contas eu votei no Lula, então o Humberto deve uma parte - infinitesimal, mas uma parte - do salário dele pra mim. Eu pago os impostos que pagam as passagens de avião com que eles voam de Pernambuco pra Brasília várias vezes por mês.

Mas não vou pedir ao Marco Maciel nem fudendo. Ele manda cartões postais pra minha casa todo ano, e ele nem sabe quem eu sou. Imagina se eu fico devendo um favor, por mais direito que eu tenha, pra ele. Talvez ele queira que eu retribua nas próximas eleições, e eu detestaria ter que faltar com a minha palavra.

3.12.03

Quero ir pra casa

Minha filha está com febre e eu não posso fazer nada.

2.12.03

A falta de acentos é um negócio muito chato

E quem ler este texto vai se perguntar "se ele diz isso, como eu estou lendo os acentos e tudo mais?". Estou dando um jeito. Quando precisa, eu dou um ctrl+c / ctrl+v de algum outro texto aqui do blogs. Não é muito prático, mas eu prefiro isso a escrever "eh" e deixar palavras inteiras sem acento algum. Fica muito feio.

Mas o que eu ia falar mesmo é que quando eu era adolescente, coisa que acabou já se vão quase dez anos, não existia Lan House. Quando a gente resolvia não estudar, o que era algo um tanto comum, as possibilidades eram se embriagar em algum boteco, ou tentar pleitear carícias mais libidinosas com a namorada. Como nenhum dos dois dirigia nem tinha dinheiro, o lugar inevitavelmente era a casa de um ou de outro, e mesmo assim só quando não tivesse mais ninguém. E isso quando tinha namorada, porque antes da fase namoradas você tinha que se contentar com o onanismo puro, simples e solitário.

Também tinham, é claro, gibis, cinema, praia. Hoje em dia, aqui onde eu estou escrevendo, parece que não existe nada disso. Tudo bem que na capital paraense não tem nem praia de rio, mas mesmo assim tem cinema. Eu fui, outro dia. Mas os guris daqui que têm namorada trazem a garota pra Lan House. Tem cabimento um negócio desses? Se eu não estivesse tão liso nesse momento da minha vida, eu tomaria a iniciativa de ir até a banca do outro lado da rua, comprar uma pilha de revistas de putaria, e distribuir gratuitamente pra rapaziada: "Pessoal, isso aqui é um processo meio antiquado, mas acho que vocês provavelmente vão se divertir. Usem com cautela pra não crescer cabelo na mão. E os dois pombinhos aí no canto, tem esse guia de posições diversas para vocês experimentarem...".

Acho que essa seria realmente uma boa ação, assim, pro futuro desses meninos. Pois o que eu estou assistindo aqui é meio desesperador, uma quantidade considerável de jovens cujo principal passatempo não oferece muito mais emoção do que gritar impropérios entre si enquanto se degladiam num cenário virtual. Que falta uma punhetinha não faz...

1.12.03

Antes da soneca

O disco do Mombojó está disponível para audição no site da banda, e nesse disco eu gravei as baterias. Metade das músicas foi produzida por Leo e Will, a outra por Igor Tavarez de Natal, e o disco como um todo ficou muito bom. Ouçam, e comprem, tudo mais.

No meio desse muda-muda de hotel, eu ainda não consegui lavar uma peça de roupa sequer. Ainda bem que vocês estão aí longe de mim, porque em breve a situação vai ficar feia mesmo. Pelo menos uma camisa limpa pra viajar na quinta eu estou guardando...

30.11.03

Fotos de Ju

O fotolog de Júlia está de volta à ativa. Vão lá.

Nos gramados de Minas Gerais....

Achamos um hotel, que comparado com os lugares que estivemos até agora, é o Waldorf Astoria super-trebolin-plus-master. Eu nem acredito que vou dormir num lugar desse naipe. A minha idéia era descrever rapidamente os estabelecimentos pelos quais passamos nos dois últimos dias, mas a Lan House vai fechar em breve, assim que a rapaziada conseguir expulsar os poucos nerds que ainda restam.

O Cruzeiro foi campeão em cima do papão, então todos os torcedores do Remo viraram Cruzeiro desde criancinha. Eu já ouvi o hino umas duzentas vezes, e como eu já sabia a letra por causa da versão do Virna Lisi, estou com essa música na cabeça, tomando cuidado pra não cantar alto. Fui ver o Matrix Revolutions. Não é tão ruim quanto o segundo, mas a impressão de que eles poderiam muito bem ter parado no primeiro filme não passou. E o pior é que você ainda sai do cinema sem entender merda nenhuma, de forma que também rola um certo medo de que outros filmes poderão vir a ser feitos. Mas esses eu não vou ver nem fudendo.

Por coincidência, falei agora há pouco com a minha avó, que é nativa daqui destas bandas, mas acho que ela nem lembra direito como Belém é. Amanhã eu vou em busca do templo pra ver se eles tem restaurante vegetariano lá. Dedos cruzados. Essa brincadeira de não comer carne é mais difícil do que eu pensava, pelo menos no norte-nordeste brasileiro. Ainda bem que existe macaxeira e feijão verde e batata-frita. E na sexta eu consegui comer feijão preto que tinha sido feito sem carne. Pense numa bênção. Eu preciso aprender a cozinhar feijão preto.

Cavalo Manco agora eu vou te ensinar

Estou em Belem do Para. Terra da minha avo, do tecnobrega e do carimbo. O computador esta em outra lingua e eu nao sei mudar. Calor do caralho. Em busca de um hotel decente. Em busca do templo Hare Krishna. Vou almocar. Mais tarde eu volto.

28.11.03

Mais discos

Acho que uma das coisas que me trouxe para o lado da produção fonográfica foi o fato de eu ser comprador de discos desde guri. Antes mesmo de ter a minha primeira aula de violão com o Tio Ciro, eu já comprava um disco aqui, outro ali. Que eu me lembre, o primeirão mesmo foi o "Nós Vamos Invadir sua Praia", mas pode ter sido o "Menudomania" ou o "Thriller". E teve "O Passo do Lui", que eu ganhei de presente. Tirando o dos Menudos - que minha irmã herdou e depois repassou pra filha do caseiro do sítio - eu ainda tenho todos. E comprei outro Menudomania em Brasília, de certa feita.

Essa mania de discos - eu me lembro uma vez na época da oitava série que eu encontrei um amigo da sala no shopping e tinha acabado de comprar o "Louder than Bombs" e ele comentou comigo "Porra, mas você só pensa em disco!" - acabou gerando uma afeição muito grande pelo processo de fazer um disco, do começo ao final. E de me emocionar mesmo quando um disco em que trabalhei chega da fábrica, você vê ele ali todo bonito, colorido, bota pra tocar. E olha que eu ainda não fiz nada que tenha saído em vinil, acho que aí é que eu ia me emocionar mesmo. Imagina, uma prensa de 180 gramas? E colorido? No dia que sair alguma coisa em vinil colorido eu vou ter um infarto do miocárdio.

Eu estive pensando muito sobre isso durante as masterizações que eu fui fazer em São Paulo, como cada etapa do processo influencia no resultado final, como o disco é a cara de todo mundo que trabalhou nele. É também por isso, e não só por causa do passar do tempo ou das mudanças nas tecnologias, que discos diferentes da carreira de um mesmo artista podem ter sons tão diferentes. Feito os discos dos Beatles, os que o Norman Smith gravou têm um som, os que o Geoff Emerick fez têm outro, ainda que levemos em conta a visível evolução musical da banda em si.

Outra coisa legal de fazer discos é que eles geralmente - a não ser quando a coisa vai muito mal mesmo - rendem boas amizades, ou pelo menos uma camaradagem maior com algumas das pessoas envolvidas. Isso, eu acho, é o maior barato, porque além do mais ajuda na unidade do trabalho. Geralmente, também gera material para outro disco, só com as palhaçadas que acontecem entre uma ou outra tomada que entra no disco propriamente dito...

25.11.03

Nada como um disco atrás do outro

O disco d'A Roda, finalmente, ficou pronto. Pense numa coisa boa, terminar um disco. Pense numa melhor ainda, quando ele fica muito bom. Fiquei feliz mesmo, quando o bichinho saiu do queimador de CD pra eu trazer pra casa. Estou ouvindo a prova agora aqui no computador, e está todo mundo no seu lugar, ninguém tapando a vista de ninguém, dá pra ouvir o baixo direitinho. Em breve numa festinha perto de você.

Quarta-feira o festival da alegria continua com a masterização do disco de Maciel Salu. É legal ver dois discos tão bacanas sendo produzidos com essa qualidade toda em Recife. E diferentes que são também. Pensando bem, mesmo nesse ano de crise, tivemos grandes discos sendo feitos na cidade. Esses dois só saem mesmo ano que vem, então contabilizam em 2004 e não 2003, mas nesse que finda tivemos o primeiro do Bonsucesso, o novo do Mundo Livre, o novo do Eddie, o Sexteto Capibaribe, o Micróbio do Frevo e por aí vai. Tudo bem que alguns desses tiveram partes feitas em São Paulo, no Rio, mas se a gente comparar com a produção da cidade há uns cinco ou dez anos, tá bom demais.

Aí pra comemorar, obviamente, fui na doceira me empanturrar.

24.11.03

Top Ten

Eu estava conversando hoje com Flávia no MSN, e falei de um top ten que eu nunca mostrei a ninguém. É de produtores, os fonográficos, os executivos, e aqueles que reuniram as duas funções na moral.

George Martin
Aloysio de Oliveira
Norman Grantz
Quincy Jones
Rogério Duprat
Coxsone Dodds
Jimmy Page (tudo bem que ele só produziu a própria banda, mas vejamos bem...)
Marcus Pereira
Chris Blackwell
Brian Eno

O seu deve ser diferente. Se for, escreva nos comentários.

23.11.03

Estação Sé, desembarque pelo lado esquerdo

Estou em São Paulo mais uma vez, neste ano do senhor de 2003. É a quarta, pelos meus cálculos, e as três últimas foram a trabalho. Assim como nas últimas vezes, estou na casa do Giuliano, no final da Avenida Sumaré. Eu posso ficar em outros lugares em São Paulo, mas por um motivo ou outro eu quase sempre fico hospedado aqui. Acho que um dos motivos principais é que a casa do Giu não se parece com uma casa, mas com um programa de televisão, uma comédia de situações dessas que fazem os atores ganharem um milhão de dólares por semana. Aqui ninguém ganha nada a mais por isso, mas garanto que se tivesse uma câmera filmando, o material faria qualquer Friends por aí enrubescer de vergonha.

Aqui moram, hoje em dia, o Giu com sua irmã Graziela e sua mãe Stela. O Fabrizio, que morava aqui até recentemente, está morando com a namorada num apartamento próximo e aparece capítulo sim, capítulo não. Mas quando tem gente em casa, tem muito mais do que quatro pessoas. A quantidade de amigos que circula por aqui é imensa. Hoje mesmo, além de mim, está aqui o namorado da Gra, cujo nome eu ainda não decorei, uma prima e uma tia deles, mais o namorado da prima, que é um japonês. O Giu foi me buscar na estação do metrô com uma Ford Explorer preta, do Cabrita, que passou o final de semana.

Esse povo todo geralmente se concentra em um só cômodo da casa, que é justamente quando tinha que ter alguém filmando. Os diálogos e as situações aqui são surreais, é difícil acreditar que não tem uma câmera escondida em algum lugar, atrás do piano ou em cima da geladeira. Outra coisa que me faz sentir à vontade aqui é que a casa está sempre à vontade. Acho que as pessoas simplesmente admitiram que preferem não deixar tudo tão arrumadinho assim. Pra um bagunceiro nato como eu, é o paraíso. Todos os cômodos são aconchegantes e limpinhos, só que não rola aquele sentimento de que uma faxineira acabou de passar por aqui o tempo todo.

Outra novidade é que hoje eu finalmente terminei o American Gods, e emendei com o Coraline, que a Juliana me deu de presente às cinco da manhã - que foi a hora em que eu embarquei. Coraline é um livro infanto-juvenil do mesmo Neil Gaiman, sobre uma menina que mora numa casa muito louca onde tem uma porta mágica e pererei e pão doce. Até agora, tem se mostrado muito bom. Mas tem uma coisa do Neil Gaiman que está começando a me incomodar, aliás duas. A primeira é que toda vez que ele vai falar de um despertador digital, ele fala que "tal hora aparecia em números vermelhos na escuridão", ou alguma frase muito parecida. Isso está no prólogo de Kindly Ones, em alguns momentos do AG, e também neste livro. Acho que ele devia dispensar essa construção, a não ser que ele realmente acredite que quem lê os gibis não vai ler os livros.

A outra são as fotos que ele tira pra esses livros. A do Coraline é foda, ele está, como sempre, todo de preto, mas de braços cruzados, e no fundo tem uma fumaça verde. Nos gibis ele sempre aparecia meio distorcido, ou caricaturado, ou botava uma foto de um peixe. Nos livros parece que a editora está querendo passar a mensagem que o autor "é talentoso, inteligente e também é pintoso". Ou talvez seja o próprio, querendo fazer a patroa orgulhosa. O que eu sei é que é meio constrangedor, ver um cara que escreve tão bem tirando umas fotos dessas...

Apois hoje, como é de lei num domingo em São Paulo, eu vou me esforçar em comer tudo o que eu conseguir, e dormir cedo que amanhã tem trabalho...

20.11.03

Foto de Júlia no Fotologuis

Eu botei uma foto lá, sendo que não é a que eu ia botar não, é outra. Mais bonita, inclusive.

19.11.03

Escrevendo todo dia, por tempo limitado

Hoje foi um daqueles dias em que a pessoa consegue fazer uma porrada de coisas. Comecei no estúdio de Berna gravando as vozes do Superoutro, depois fui almoçar com a Juliana, segui até San Martin para entregar um colchonete para a Rosivânia, passei na federal pra pegar um cheque com o Sandroni. Nessa minha passada pelo Cac, deu pra tirar um som rapidinho com Sandroni, Nando Rangel, Elisa Todd, Maira e Jamilson da Silva. Inclusive Esse pessoal vai fazer um show na sexta dia 21 só com músicas do próprio Sandroni, entre elas a já conhecida "Pão Doce", que foi regravada por Deus, o mundo e também a Adriana Calcanhoto. Na tirada de som eu usei um guiro (fale-se gú-í-ro) que o Jam comprou em Manchester, na loja da Holly.

Depois eu fui na cantina onde encontrei com o Paulo e o Osman, dois manda-chuvas lá do depto. de Música. Eles foram abduzidos por um amigo da Clara, que tinha ido à cantina comprar chicletes e acabou sentando pra conversar, já que seu amigo tinha desmontado a conversa que estava rolando. De lá, passei numa agência de turismo na rua do estúdio do Gabriel, onde um cidadão de apelido Chico arrumou os detalhes da minha passagem para Belém, que é a terra da minha avó Consolação.

Terminadas as atividades do dia, tomei o rumo da casa de Silvia, para pegar Júlia e trazer aqui pra casa da vovó Patrícia. Quando cheguei lá, Dona Maria me mostrou Juju toda elegante sentada na cadeirinha assistindo a santa missa na televisão, fazendo companhia pra bisavó. Isso é que é fazer a frente com a família. Chamei o Hernandes, passamos no shopping e viemos pra cá.

Júlia já dormiu, e eu pra variar esqueci sobre o que mesmo eu ia escrever. Então eu escrevi sobre outra coisa, aproveitando para desmentir essa estória, que eu ouvi outro dia no Burburinho durante a apresentação de Zé Tonhão, de que as pessoas não usam os nomes próprios das outras ao escreverem no blog. Sim, eu botei uma foto nova no fotolog, uma vez que cedo ou tarde todo mundo vai ver essas misérias, então pelo menos eu mostro a mais legal primeiro...

18.11.03

Post rápido para quem tem pressa

O Yellow sabe de tudo mesmo. E a Conrad é mesmo fodona. Sorte minha que é difícil de achar as coisas deles aqui. Formou que a galera vai pegar o livro do Yellow então, eu vou guardar o meu no saco plástico. Talvez eu tenha me enganado ao dizer que nesse livro tem pessoas que vivem pra sempre, na verdade, o mais próximo que eu encontrei foi um Leprechaun, que segundo o próprio poderia ser enquadrado como Semideus. Acho que eu me animei em buscar relações com os quadrinhos.

Mas volta e meia aparecem mulheres em grupos de três. Isso aparece em quase toda história do Sandman.

17.11.03

Deuses americanos e outras entidades

Alô galera esperta, galera legal. Antes de mais nada, gostaria de agradecer as dicas que as pessoas deixaram sobre como arrumar a casa. Vou tentar esse bloquinho aí, quem sabe ele me ajuda. Eu também vou ver esse negócio do tamanho do título, lá no mundo misterioso do HTML e do modo texto.

Eu estou lendo um livro de verdade nessas últimas duas semanas. Digo de verdade, porque eu estou lendo de verdade, tipo do começo ao final de uma vez só, e não porque os outros livros que eu tenha lido até hoje fossem de faz-de-conta. Eu tento sempre ler um livro de uma vez só, às vezes consigo, mas geralmente o que acontece é que eu fico com uns cinco livros pausados em pontos diferentes. De forma que eu acho que a culpa deve ser minha, e não dos autores.

O livro que eu estou prestes a acabar chama-se "American Gods" e o autor é o Neil Gaiman, que além de ser um quase sósia do Ayrton Senna da Silva - segundo Josuel, o maior roadie do mundo - entrou pra história da história em quadrinhos com a série "Sandman" que durou de 1987 a 1996. Ele também resolveu escrever livros sem desenhos, do tipo ficção romanceada, e este é um dos livros que o rapaz lançou.

Por gostar muito, muito mesmo, das estórias que fizeram o Neil Gaiman rico e famoso, eu comecei a ler o livro com uma certa hesitação, a mesma que vai rolar quando eu for ouvir o disco novo dos Pixies - se eles gravarem mesmo. Mas como eu não sou nenhum expert em literatura alguma, estou me divertindo sem me preocupar demais.

A estória é muito doida, como a maioria das estórias que ele conta, e da mesma forma cheia de referências por todos os lados. Basicamente, vai rolar um grande pau entre deuses antigos - aqueles que a gente já conhece, tipo Odin e Xangô - e novos, que no caso seriam a televisão, a internet e tal. Nada demais. Mas a maneira como o autor desenvolve a narrativa a partir dessa idéia inicial é que é o bicho.

Quem leu, e releu, as estórias do Sandman vai identificar alguns elementos, como a idéia de que os deuses de civilizações antigas tem que se virar do jeito que der depois que as civilizações que os adoravam desapareceram, então fulaninho virou empresário, o outro virou motorista de táxi. Também existem aquelas pessoas que vivem há muito tempo e não são necessariamente deuses ou semideuses - como nos gibis temos a Mad Hettie e o Rod Gadling. Mas isso não é o importante, até porque, como o próprio Neil Gaiman sustenta, todas as estórias que existem já foram contadas, o que os escritores fazer é só recontar algumas delas à sua maneira, coisa que ele sabe fazer muito bem. O único vacilo do autor é quando ele fala sobre deuses que não os da mitologia européia, tipo os africanos e asiáticos. Aí dá pra notar que ele fez uma pesquisa nos livros e vamos nessa. O que não tira o mérito do livro, se o cara ainda fosse fodão em mitologia africana e asiática, aí ia ser demais aí.

Então eu recomendo aí o livro do garoto pra vocês lerem e darem as suas opiniões. Eu não sei se o mesmo foi lançado no Brasil, mas se alguém quiser ler, eu empresto pra tirar xerox. Se pegar emprestado e não devolver, eu mando o cão do segundo livro atrás.

12.11.03

Agora também com títulos

Não sei se as pessoas percebem, mas eu sempre mudo alguma coisa no meu blog. Seja a frase estúpida que aparece depois da minha idade, seja um link ou outro novo. Eu mudei o template outro dia enquanto estava tentando colocar o serviço de comentários. Na verdade, eu estava errando pra caralho na hora de colocar os códigos lá, e por algum motivo achei que precisava usar um template novo. Isso foi na noite em que eu estava muito cansado. Como se eu não estivesse agora, mas isso são outros quinhentos.

Eu estou cansado, mas não tanto quanto na outra noite. Se você me perguntar o porquê, bote uma criança de 1 ano e quase meio pra dormir quando ela está querendo ver a lua, brincar com o cachorro, tomar água e correr pela casa - tudo ao mesmo tempo, e responda à sua própria pergunta. Mas é o melhor cansaço que um homem pode ter na vida, vão por mim.

Nesse momento, eu estou tomando uma sopinha em frente ao computador, ouvindo o Summerteeth do Wilco e pensando em como dar um jeito na minha vida. Porque a minha vida está uma bagunça, e os efeitos da bagunça começaram a interferir na vida e no trabalho das pessoas ao meu redor, e assim não dá. Eu preciso me organizar, e de uma vez por todas se for possível. Talvez se eu começasse a arrumar o meu quarto, e a escrever os trabalhos de pós-graduação que eu estou devendo, a coisa tomasse um prumo, sei lá. O que eu sei é que tá foda. Estou aceitando até sugestões.

Um dos novos links que apareceram aqui foi o do blog / espaço de discussão do Felipe, que é quem eu poderia de chamar de meu melhor amigo. É difícil escolher um amigo pra ser melhor do que os outros, até porque os meus amigos são todos grandes amigos, e eu não gostaria de me ver na situação de ter que ordená-los numa hierarquia. Mas o Felipe é um dos meus amigos de mais longa data, e aquele amigo que participou de perto da maior parte das coisas que eu fiz nos últimos treze anos. E nós sempre inventamos um jeito de ter uma banda juntos, o que é muito legal. O blog dele, por sinal, fala primordialmente sobre guitarras.

Hoje também saiu uma matéria bacana sobre o DVD do Antônio Carlos Nóbrega que saiu há pouco. Eu, Pablo, Joaquim, Josuel e meu irmão gravamos o áudio para esse DVD no começo desse ano, em um final de semana, o mesmo em que teve aquela festa da Sala da Justiça em que todos os carros foram arrombados. Passamos três dias tirando leite de pedra e ligando e desligando cabos nos lugares mais impossíveis do teatro da UFPE. E não saiu nada no jornal sobre um estúdio de Recife ter sido o responsável pela captação de áudio.

Pensando bem, está mesmo na hora de arrumar essa bagunça toda.

10.11.03

Os discos são uma coisa muito engraçada mesmo, e a impressão que nós temos deles às vezes muda com o tempo. Felipe, por exemplo, já gostou muito do "Passion & Warfare" do Steve Vai, e eu mesmo já gostei do disco preto do Metallica. Por uns dois dias, mas gostei. Eu também já passei um bom tempo sem ir com a cara do Radiohead, por não ter ouvido direito outros discos que não o Pablo Honey, e acho que o mesmo se aplica ao Los Hermanos e àquela coisa linda de papai que é primeiro disco deles.

Aí no momento eu estou revendo, mais uma vez, as minhas opiniões sobre um disco em particular. Chama-se "Les Rita Mitsouko Preséntent The No Comprendo". Se não me engano, é primeiro disco do Les Rita Mitsouko, um duo francês formado por uma senhora chamada Catherine Ringer e um cidadão chamado Fred Chichin. Esse disco foi gravado em plenos anos 80, com direito às baterias eletrônicas e sintetizadores de frequência modulada de antanho. Foi produzido pelo Tony Visconti, que definitivamente mora no Olimpo dos produtores fonográficos. Ele já moraria lá por ter produzido o Electric Warrior do T.Rex, mas ele continua insistindo em pagar o aluguel em dia.

De qualquer forma, eis a história. Em 99, eu estava muito cansado do meu trabalho e resolvi tirar um mês e meio de férias pra divulgar o disco do Supersoniques no sul-maravilha. Passei uma semana e meia no Rio, umas três em São Paulo, e o resto em Brasília. Nessa de divulgação aconteceram algumas aventuras, e coisas legais. Aí em Brasília a minha tia tinha um amigo que conhecia Deus, o mundo e a torcida do Flamengo dos meios de comunicação da cidade. Era um cara que trabalhava num ministério e falava feito irradiador de futebol. Passamos uma tarde deixando os discos que tinham sobrado em rádios, jornais e outros contatos importantes na opinião dele. Gente boa.

Numa determinada hora a gente parou pra ouvir um som e ele mostrou esse disco. Numa ouvida rápida, eu gostei muito, mas não fazia nem idéia de como conseguir uma cópia, etc. e tal. Aí ano passado eu estava na França e pensei que seria o melhor lugar pra comprar esse disco, porque provavelmente é o lugar mais fácil de achar discos de uma banda que não é muito conhecida fora de seu país - o cara que me mostrou tinha morado na França nos anos 80, diga-se de passagem. Então eu fui lá e comprei esse e mais outro. Só que quando eu ouvi de novo, eu fiquei meio assim, assim. Não é tão legal quanto eu pensava, eu pensei. Aí fiquei naquela de pensar que tinham outros discos na loja que eu deixei pra lá porque quis comprar esses dois. Ninguém nunca está satisfeito mesmo.

Aí hoje de manhã eu estava procurando um disco pra ouvir, e resolvi dar uma chance pra essa rapaziada mostrar o seu trabalho. Confesso que estou mais feliz, porque o disco é bacana, apesar de ter algumas coisas características da música pop francesa que nunca vão descer muito bem pela garganta mesmo. Mas o sentimento de preciosos euros terem sido desperdiçados já passou. E no mundo mágico dos discos isso é uma coisa muito importante.

6.11.03

Eu já estou tão cansado que eu nem lembro mais sobre o que eu ia escrever. Acho que eu ia escrever sobre ter mudado o sistema de comentários aqui do blog, pra ver se agora vai. Ou então eu estava pensando em escrever sobre o disco novo do Frank Jorge que chegou ontem no correio. Talvez sobre o esporro do caralho que dois dos meus três patrões me deram hoje, em momentos diferentes do dia. Quem sabe sobre a minha teoria sobre o esporro. Ou ainda eu poderia escrever sobre como é bom gostar de alguém que gosta de você do mesmo jeito.

E olha que eu até tenho algumas coisas pra falar, como os links que eu botei pro blog do Zyon e do Yellow e do Neil Gaiman. Eu também tenho que aprender a prestar mais atenção nas coisas e nas pessoas. Tenho que lembrar que patrão só dá esporro porque é patrão. Tenho que escovar os dentes de Júlia senão dá cárie. E tenho que tirar férias mais urgentemente do que nunca.

Então eu vou ficar só por aqui e deixar vocês experimentarem aí esse novo sistema de comentários, comentando. Agora eu estou muito cansado.

31.10.03

Hoje vai ser o dia do vai e vem. Entre o escritório e o estúdio. Aqui eu estou cuidando das burocracias associadas à produção fonográfica em geral. Lá eu estou queimando CD's e verificando os Backups. E vai, e vem. Temos novidades, o blog do zyon, e eu descobri um lugar que tem um camafeu decente. É na Nutela. Chama-se delícia de nozes, o que de certa forma não categoriza o doce como um camafeu. Mas se aproxima bastante do bicho real. Parece que vai pintar uma outra viagem pra SP, então eu faço a festa.

Ontem eu estava pensando que o meu vício por padarias está se tornando uma coisa perigosa. Eu estou chegando num estágio que eu não posso ver uma padaria que eu entro, atrás de um pão doce que seja. Ou um pão de queijo. Sempre aparecem variações particulares desse ou daquele estabelecimento, aí é uma desgraça. Na semana passada eu comprei uns oito tipos de pão diferentes. Está complicado.

Mas voltando aos meus serviços de hoje, eu estou pensando que hoje o mundo moderno proporciona a nós todos uma diversidade enorme de maneiras de se classificar uma banda. Eu nem digo gêneros como um todo, feito post-rock ou my-drummer-sister-can't-play-shit-rock, mas uma classificação específica para cada banda. Essa banda que eu estou gravando os CD's mesmo, eu acho que é Rock Intelectual. Já a Parafusa, por exemplo, é Rock Família. O Vamoz, obviamente, é Rock Duro, e o Badminton é o Rock Romântico.

Dessa forma, fica melhor, porque não aparecem discussões sérias sobre se o Strokes é uma banda de new-rock, post-rock, old-new-rock, new-old-rock. O Strokes é só uma banda boa com um baterista ruim, então poderia ter o seu próprio estilo, por exemplo o Rock Capenga. Sempre tem aquela capengada do batera, compasso sim, compasso não. Dá um trabalhinho achar um pro White Stripes, porque Rock Família e Rock Capenga já rolaram. Então poderia ser Rock Rústico, ou Rock Alvirrubro.

28.10.03

Alô, criançada,

Estou de volta. Foi mal a demora. Estive ocupado demais no mundo real e acabei faltando aqui com os meus fiéis leitores. Que inclusive comentaram que o meu sistema de comentários está quebrado. Comentaram por fora, obviamente. Vou trocar. Foda vai ser eu lembrar o que foi que eu fiz pra botar o quebrado no ar, pra daí tirá-lo e colocar um que preste. Também pudera, qualquer coisa que se chame "Fala sério" não merece o menor respeito.

Então, eu estou em casa ouvindo o Daydream Nation e fazendo alguma coisa a respeito da pilha de e-mails que se acumulou após uns três dias afastado da internet. O Daydream Nation é um dos melhores dentre os melhores discos do Sonic Youth, e também o último que eles fizeram antes de entrar pra Geffen, que era uma "gravadora grande". É também um daqueles discos que figuram com certeza numa lista de melhores álbuns duplos de todos os tempos, junto com o London Calling, o Álbum Branco, o Blonde On Blonde e o Double Nickels On The Dime. Pelo menos na minha lista ele está, não sei se na sua.

Agora eu vou começar, aliás vamos todos nós aqui, a desmontar a minha casa pra ir para outro lugar. Ninguém sabe pra onde, ainda, mas como tem muito o que arrumar, empacotar e também jogar fora, temos que começar logo. Eu pelo menos. Em breve eu vou fazer uma ampla e farta de distribuição de revistas entre os amigos e chegados. Tudo de graça, contanto que venha buscar, e logo. Tem alguns anos inteiros da Trip, toda a coleção da General, pe-re-rei e pão doce. Só não vou dar os gibis. Nem os discos.

Mas eu estou me conscientizando que em breve eu vou precisar caber em um espaço menor. Talvez seja por isso que eu também perdi peso recentemente. Morar em casas grandes durante quase vinte anos deu nisso, muita tralha demais. Estou enxugando. Já me livrei de algumas coleções de coisas inúteis, feito parafusos. Já joguei todos os fanzines ruins, as revistas de mulher pelada e boa parte da papelada em geral fora. Reciclagem é boia.

Não sei por onde acabar. Vou nessa.

21.10.03

Existe uma teoria vigente, ou pelo menos eu acho, na Física moderna, de que para cada possibilidade que já existiu, há um universo diferente. Eu vi isso num programa da BBC na casa do Marc, mas a gente estava se embriagando a medida que o programa ia passando, e quando as explicações bacanas chegaram a gente já estava muito doido, e depois a gente saiu. Mas eu lembro do começo onde o cara dizia isso, que para cada possibilidade há por aí um universo paralelo. É universo que só a porra. Eu tenho muita curiosidade em ver alguns deles, como o universo onde os Beatles nunca existiram - só pra ter certeza que as pessoas não teriam sobrevivido - ou aquele em que todos sabem que Elvis não morreu. Outros eu tenho alguma curiosidade, pra ver o que teria acontecido se o Rio de Janeiro ainda fosse a capital federal, por exemplo. Já o universo onde eu sou uma bicha louca que mora em São Francisco, esse eu não tenho muita vontade de ver. Vai que lá eu estou me divertindo mais...

Mas eu tenho uma teoria, obviamente, que esse princípio se aplica ao nosso Universo, que para nós não é paralelo, é o principal. Existem vários mundos que coexistem onde nós ingenuamente acreditamos só existir um. É verdade. Um mundo só não dá conta desse povo todo, e olha que eu nem pensei nos chineses ainda. Volta e meia eu percebo indícios que cada vez mais comprovam isso.

Vejamos um exemplo que Tiago me mandou por e-mail. Existe um cidadão, aonde senão nos Estados Unidos, chamado Jay Easton, que é o bam-bam-bam dos instrumentos de palheta. Ele toca tudo, desde gaita até uma mostruosidade chamada Saxofone Contrabaixo. Está lá, no site dele. O sax contrabaixo não só custa muito mais do que um fusca, como provavelmente acomodaria muito mais bagagens se a ele acrescentássemos rodas. A buzina já vem de fábrica. Uma trepeça dessa só pode habitar um mundo diferente, que em comum com o nosso só tem o espaço físico.

Tem gente que toca alaúde e passa metade da vida afinando o instrumento. Tem gente que torce pro Náutico. Eu duvido que essas pessoas vivam no mesmo mundo que eu. Principalmente se for um tocador de alaúde alvirrubro. Essa pessoa simplesmente não coexiste conosco, ela só pode ser um habitante de um dos vários mundos paralelos. Eles estão por aí, e os mundos estão delimitados entre si de várias maneiras. Por vezes, num sinal, no supermercado, na feira ou mesmo no playground do seu prédio, entramos em contato com seres desses outros planos. Mas é inútil tentar uma interação maior entre mundos paralelos. Eles foram feitos para coexistir sem interconexões.

É verdade também que existem seres privilegiados que habitam dois ou três mundos diferentes. Beto Legião, por exemplo, circula em pelo menos quatro, sem sombra de dúvida. Talvez o segredo sejam as identidades diferentes, Alberto Reis, Beto DiCaprio, Beto Tamagachi. Acho que só assim o cara consegue. Até porque nem todos os mundos foram feitos para acomodar nomes como Jonas Henrique Alcoforado. Com um nome desses o cara só consegue ir até a esquina, e olhe lá.

19.10.03

Estou me comunicando nos últimos instantes desse sábado, porque quando eu terminar de olhar os meus e-mails, eu vou dormir mesmo. A farra ontem foi grande, e hoje o dia foi vagaroso, e o melhor a fazer mesmo é ir pra caminha, feito Júlia já foi e está muito bem.

Ontem teve um show do Bonsucesso Samba Clube no Acústico Pub em Olinda, e a rapaziada não brincou em serviço. Acabou que eu fiquei conversando com André até de manhã, e depois do sol raiar ainda rolou uma pequena discussão sobre se eu vou ter ciúmes de Ju quando ela começar a namorar e tal. O engraçado é que nessa discussão, em que participaram todas as pessoas da mesa mas cujo epicentro fomos eu e uma garota que eu conheço de vista mas não sei o nome, acabou rolando uma inversão de papéis.

A menina em questão estava insistindo que eu vou ter muitos ciúmes e vou ser um papai bem marcação cerrada e tal, e eu dizendo que não, que eu não tenho nada a ver com isso, e que Júlia já vai estar bem grandinha nessa época pra cuidar do seu nariz e de outras partes do corpo que ela porventura resolva envolver em seus namoricos. É óbvio que conselhos e advertências são necessárias nesse mundo de Nosso Senhor, mas nada que incomode demais a guria.

Aí na verdade a conversa nem chegou em lugar nenhum - como se alguma conversa em mesa de bar chegasse - e eu fui embora na metade. Até porque o raiar do dia pegou todo mundo de surpresa e eu estava sinceramente com sono, e fui pra casa tomar o meu Ovomaltine.

Mas pensando agora, eu acho que é difícil pensar no futuro nesses termos. E se eu virar um velho rabugento? E se o namorado da minha filha gostar do Guilherme Arantes? E se ele for músico? E se as duas coisas se combinarem e ele ficar tocando "eu não sonhava te amar desse jeito" pra ela na sala da minha casa? Tem como eu admitir uma coisa dessas? Porque Silvia mesmo eu sei que não vai deixar uma pouca vergonha desse calibre acontecer ali no sofá. Aí vai ter que rolar aquela conversa séria: "Olha, eu sei que vocês já se acham muito maduros pra fazer essas coisas, mas Guilherme Arantes não pode. Ou pelo menos façam isso fora da minha casa."

É complicado pensar nessas coisas. Tem gente que se preocupa se os filhos vão fumar maconha, ou ter relacionamentos homossexuais quando crescerem. Eu não temo nada disso, mas tenho pavor de um genro - ou uma nora - que toque Legião e Jorge Vercilo ao violão. Porque filha minha não vai fazer dessas coisas, mas eu não posso cuidar do filho de todo mundo.

16.10.03

Enquanto eu ainda for à praia, tomar sorvete e beijar meninas de verdade, eu não vou me preocupar em conhecer pessoas pela internet. Eu tenho um pacto comigo mesmo de estabelecer contatos reais para cada contato novo no mundo virtual. Não vamos discutir o mérito das relações virtuais, até porque eu nem posso falar muito. E quando eu falo, eu sou geralmente malvado demais com as pessoas cujas principais conversas e relacionamentos se dão através da tela e do ICQ / MSN / mIRC e similares. Tudo bem também que tem uma moça aí que está num lugar muito longe e eu gostaria muito que ela pudesse pelo menos telefonar ou mandar um e-mail, mas isso é só até a semana que vem.

Porque na verdade o que eu quero dizer é que eu descobri ontem mais um site legal com textos, através do spectorama, que é um dos meus sites favoritos. Tem um link novo na seção de blogs, Ione.

E o que eu ia comentar era justamente esse aspecto que a internet tem de aproximar as pessoas de acordo com suas preferências e afinidades. Teria demorado muito mais, por exemplo, pra eu conhecer as fotógrafas supersexies se não fosse a internet, e especificamente o Vital, que foi quem passou o link pra mim. Aí ontem eu estava conversando com Clara e a gente falou justamente desse site, que ela já conhecia, não sei se por causa do link aqui do lado ou via outros contatos.

Então eu acho muito supimpa esse negócio. Tem um cara mesmo, na Patota do Barulho, que é amigão da rapaziada e ninguém nunca viu, o Marton. Eu já fui pro Rio umas três vezes com o telefone dele anotado e sempre esqueço de ligar. Aqui, a gente ainda acredita que ele é uma obra de ficção. E pra ele, a Patota provavelmente é uma grande obra de ficção. Longa, cheia de tramas secundárias e personagens passageiros, quase como O Direito de Nascer, se prolongando por anos a fio, e sempre reaparecendo do nada quando todos achavam que ela já tida dado os extertores finais. Mas ficção, sem dúvida.

Agora, que é bom o cara não entrar demais numas de mundinho virtual, isso é. Não se esqueçam da praia, do parque, do sorvete e das moças bonitas passeando. Ou dos rapazes, dos cachorros e dos velhinhos. Se a gente for pensar direitinho, até um assaltozinho ocasional compensa o convívio com o mundo lá fora, não é mesmo?

14.10.03

Alô criançada!!! Estamos de volta, eu aqui no computador escrevendo algumas coisas para os meus queridos visitantes e Júlia no berço, dormindo. Malu está em casa, também, mas eu não sei se ela já dormiu. Eu vou dormir daqui a pouco, porque ontem não foi careta não, só fui sair do estúdio às duas e quarenta da manhã.

A viagem ao Rio foi um grande barato, apesar da chuva. Choveu pra caralho e só deu pra ir pra praia um dia, e mesmo assim no esforço, mas valeu a pena ter levado a guria. As bisavós ficaram no céu, até porque Júlia já fala "vovó" e pede colo e várias outras palavrinhas. É diversão para toda a família, enfim.

E aquela cidade é bonita demais, valha-me Deus, mesmo debaixo do toró. Eu gostaria de morar lá algum dia, apesar da violência e todos os pararás constantes. Mas se eu morasse, por exemplo, onde mora o meu avô, ia ser complicado. Eu não ia trabalhar nunca, com aquele corcovado ali na varanda de bobeira, e a praia pertinho, uma rede e um barril de mate leão. Só se fosse pra viver de renda, mesmo. Pena que não deu pra ficar mais. Quem sabe ano que vem eu tiro férias e a gente faz outra viagem familiar bacana, e maior.

Essa semana é de pai e mãe, que Syl está viajando. Mas isso também é bom, porque eu aproveito pra dormir cedo e descansar a minha beleza.

8.10.03

Amanhã o dia vai ser corrido, eu sei. Hoje também, mas pintou uma carona com a minha irmã até o trabalho e sobrou esse tempinho aqui. Então eu vou escrever alguma coisa pra não ficar na saudade até voltar do Rio. Na casa da minha avó não tem internet, e eu também não vou deixar de ficar passeando com Júlia pra procurar porra de cyber café no Rio. Até porque vai ser provavelmente um assalto, e deve ser visado pra caralho pelos malocas de plantão - de forma que acabariam sendo dois assaltos.

Também tem gente pacas pra visitar lá, e várias docerias nas redondezas. Então, acho que eu vou deixar a caixa de entrada estourar mesmo e priu. É meio deprê você ficar se preocupando com internet num lugar feito o Rio de Janeiro. Eu sei que as pessoas lá usam a internet e tal, eu mesmo já usei. Mas convenhamos que há muitas coisas melhores pra se fazer. Tudo bem que o mesmo pode ser dito de Recife e Olinda, mas aqui pelo menos existem as desculpas profissionais. E olhe que mesmo assim, não há dia de sol em que eu não lamente não estar na praia.

Então é isso aí. Vou terminar o disco do Sexteto, fazer as malas, e segunda a gente se fala. Semana que vem é burocrática mesmo, acho que eu vou estar bastante por aqui.

6.10.03

Hoje eu cheguei em casa e meu pai estava ouvindo som alto pra caralho. Tudo bem que ele é meio surdo, mas foi um daqueles momentos "gerações" que faz você pensar na vida. Quando eu ficava em casa ouvindo som alto pra caralho, ele trabalhava feito um condenado. Hoje eu trabalho feito um condenado e ele fica em casa ouvindo som alto pra caralho, depois da aula de história do cinema que ele está tendo também. Talvez eu esteja entrando na fase da vida da qual ele está saindo.

É bem verdade que eu pulei alguns estágios, como ter filhos sem casar e tal, mas é bem verdade que essa é aquela fase de pagar contas e ter responsabilidades, ir às reuniões de pais e mestres, condomínio, fazer compras no supermercado. Afinal de contas, eu já sou bem grandinho e tenho quase trinta anos, é melhor eu me fuder e fazer isso tudo do que ficar tomando leite na casa da minha mãe o resto da vida.

Mas é engraçado pensar em como essas coisas simplesmente aparecem na sua vida, como se você tivesse dormido na casa de outra pessoa, bêbado o bastante pra não lembrar como você foi parar lá. E aí você tem que dividir a sua atenção entre a ressaca e a necessidade de voltar pra casa, num momento em que você só consegue fazer meia coisa de cada vez.

O meu pai também fica falando até tarde com a namorada no telefone. Como ele é meio surdo, ele também fala alto pra cacete. Acho que ter um filho adolescente deve ser mais ou menos assim.

3.10.03

De volta ao Recife, sexta pela manhã, cuidando da vida nos próximos meses. Semana que vem, se tudo der certo, vou pro Rio com Ju masterizar outro disco e passar o fim-de-semana com ela visitando os meus avós. É sempre bom aproveitar essas oportunidades, mesmo com a correria que a minha vida sempre é. Estou animado pra levar ela pra passear na praia, e também visitar algumas pessoas que ainda não conhecem a pequena. E comer biscoito Globo.

Recentemente as pessoas vieram me fazer elogios ao meu blog, este que você está lendo agora. Fiquei lisonjeado, e também impressionado porque foram pessoas que eu não imaginava que viessem aqui. Muito obrigado. Eu provavelmente vou continuar escrevendo entre duas ou três vezes por semana, até porque mais é complicado, mas escreverei com mais gosto sabendo que as pessoas estão por aí.

Coloquei um link na seção Sítios em Geral com um fotolog que eu criei, e a primeira foto é uma foto que o Giu mandou pra Érika e a Érika me mandou de nós dois - eu e o Giu - no jardim de infância. Olhem lá. Eu sou o caubói, ele é o corintiano. O capitão américa é o Rodrigo Schulze, cujo pai era dono do laboratório que revelou a foto em si, o CURT. Do lado direito do Giu está o João Francisco, outro grande amigo de infância. Do meu lado esquerdo está o Rogério, que é filho do Nelson que diriga a Kombi que me levava em casa - depois, na época do Hugo, isso ainda era no Bola de Neve. Na extrema esquerda está uma menina que eu acho que se chama Renata e que namorava com o João. O João sempre namorava com a menina mais bacana da turma.

Das meninas na primeira fila, eu lembro o nome da de vermelho, Mariana. Eu lembro de uma festa muito legal que teve na casa dela uma vez, mas posso estar errado quanto ao nome. A menina ao lado dela de camisa azul acho que se chama Luciana, a irmã dela estudava com Malu e as duas moravam ao lado do Hugo Sarmento. Da menina de laranja eu lembro como se ela estivesse aqui do meu lado agora, mas o nome não está chegando. Do lado dela tem um guri que deve se chamar Marquinhos, e que eu achava parecido com o Jerry Lewis. Uma vez ele foi passar um final de semana na minha casa e minha mãe pediu pra evitar a repetição do convite no futuro. Pense numa peste.

Eu também me lembro de todos os outros, mas não dos nomes. Hoje em dia o Bola de Neve continua no mesmo lugar, mas pintaram de amarelo e mudaram a cerca. Desse povo todo, eu só encontro com o Giu e com o João, este mais ocasionalmente. Eu vi o Schulze faz alguns anos, assim como o Rogério. Se alguém se encontrar por aí, mande um e-mail...

30.9.03

Então, como eu ia dizendo, estou em São Paulo pra masterizar um disco. Acabo de chegar do estúdio, e fiquei muito satisfeito com o resultado final. O estúdio, o Classic Master, é o bam-bam-bam da masterização no Brasil hoje em dia, também pudera, o Carlos Freitas decidiu se especializar nisso já faz algum tempo, e está mandando bronca.

Depois fui na FNAC comprar presentes pra minha filha, e aproveitei pra comer uns doces na Coco, Cravo e Canela. Comi um camafeu, uma bomba de chocolate e um quindim. E uma água com gás. Essa doceria fica na Cardeal Arcoverde com Simão Álvares, e é uma das poucas que eu frequentava quando criança que ainda estão na ativa. O camafeu estava show, é difícil achar um camafeu bom no Recife.

Em algum momento da minha vida eu decidi inconscientemente que São Paulo é a minha cidade natal. Eu nasci em Nova Friburgo, mas só fui lá uma vez e tudo o que eu sei da cidade é que tem uma praça. O resto eu ouvi dos dois avôs da minha filha, principalmente o Sérgio, que estudou lá um tempão. Então como foi aqui que eu cresci, aprendi a tocar violão e a atravessar a rua, é aqui que eu me sinto, digamos assim, em casa, ou no lugar em que eu nasci.

29.9.03

Ontem fizemos uma festa aqui na minha casa. Quando eu digo minha casa eu me refiro à casa do meu pai, onde moram os gibis e os discos e eu durmo umas duas ou três vezes por semana. É uma casa grande, com piscina e churrasqueira, que foi comprada pra acomodar uma família de cinco pessoas e vários animais, portanto, ideal para festas.

A tertúlia em si partiu de dois motivos. Motivo um, o aniversário do Gerardo, que prometeu (e cumpriu) estar aqui para a comemoração. Motivo dois, a despedida de Leo e William, que amanhã vão para o Reino Unido cuidar de suas vidas e dar uma instigada bacana na carreira de produtores de música eletrônica. Alugamos um som profissa, organizamos três shows (do Vamoz, da Parafusa e do Badminton) e convidamos os amigos. Júlia também veio, o que pra mim e todos os presentes foi uma dádiva, e a festa teve o número certo de participantes, nem demais nem de menos.

Apesar de trabalhar muito, eu gostei demais da festa também. O show do Vamoz foi muito bom, e eu acho que Gomão está feliz pra caralho com a banda nova dele. E por conseguinte, estamos todos também, porque está bem claro que ele está fazendo o que gosta. O outro guitarrista da banda, o Henrique, também está foda. O cara parece tocar melhor a cada dia.

Wadner também veio, e Lhô, e ficamos ouvindo um disco que Wal organizou com os originais das covers que tocávamos na época do Dreadful Boys. Nostalgia é bóia.

O segundo show foi da Parafusa, que fez uma apresentação impecável. Os caras estão tocando demais tb, e é um daqueles shows onde você vê um entrosamento na banda que é raro encontrar por aí. O show deles eu não pude ver tão bem pois dei banho, fiz o jantar de Júlia e também tive que cuidar de outras coisas de ordem prática na festa. Júlia também gostou muito de ficar sentada na moto de Homero, então nós passamos muito tempo brincando de subir e descer da moto.

Entre a parafusa e o Badminton, Ju e Syl voltaram pra casa. O show do Badminton não pode ser propriamente chamado de show, foi mais um combinado de músicas que nós já tocamos no passado, ou uma jam session de luxo. Porque só tinha um ampli de guitarra disponível na hora, André ficou de fora. Charles não veio, então sobrou mesmo pra Gerardo a responsabilidade de assumir o posto de onde nunca deveria ter saído, e Leo estava afim de tocar, então pela primeira vez tivemos um tecladista de verdade. Acho que essa formação, mais André na segunda guitarra, é o dream-team pra mim em relação ao Badminton. Nunca vai rolar, mas dá bastante corda pra você pensar como seria a banda num mundo paralelo.

Passamos pelas covers habituais, e terminanos com Hoochie Coochie Man, que Igor veio cantar, atendendo a pedidos do meu pai. Aí foi a desculpa necessária pra Gomão pegar a guitarra e fazermos uma reunião de última hora do Supersoniques.

Essa foi a primeira vez em dois anos que nós quatro estivemos no mesmo lugar ao mesmo tempo, e tocamos juntos. Na última vez antes dessa, eu estava puto da vida, e apesar de já saber que aquela seria o último show do Supersoniques como banda existente, não consegui relaxar e gozar. Me arrependo muito disso, e de ter discutido com Syl por causa disso também. É uma daquelas coisas que eu gostaria de mudar se nos fosse permitido voltar no tempo. Desculpa.

Obviamente, o show não foi lá essas coisas, digamos assim, musicalmente. As músicas do Supersoniques tinham muitas passagens e detalhes que a gente esqueceu depois de dois anos. E lembrar das harmonias todas em cima da hora pra passar pra Leo foi meio difícil também. Mas mesmo assim, o momento foi emocionante.

Tocar com uma banda que acabou é, pra usar uma analogia que a maioria das pessoas vai entender, como fazer amor com alguém que você não vê há muito tempo, mas que já foi uma das coisas mais importantes da sua vida de outrora. É um transporte instantâneo pra outra época, ou pra outra vida, como se você estivesse vivendo na pele de outra pessoa por alguns minutos. Você recorda e reconhece detalhes mínimos, os quais você achava que já tinha esquecido. Você instantaneamente lembra de momentos específicos e coisas que aconteceram há muito tempo, e pensa em como foi possível que aquilo tudo tenha acabado, ou como você gostaria que as coisas voltassem a ser como já foram. Mas quando tudo acaba, você sente que agora a vida é outra, e que aquilo não faz parte de vocês hoje em dia. O que não estraga de forma alguma o momento, só lembra a todos que o tempo realmente passa, e que nada acaba ou começa por acaso.

Mas foi bom e todo mundo que viu, curtiu. Vinnie Boy ficou gritando que a banda tinha que voltar, e com o provável retorno de Gerardo e Micheline pro Recife, acho que essa é uma pergunta que todos vão nos fazer algumas vezes. A gente vai tocar mais uma última vez, pra lançar o disco que gravamos, também, há dois anos, e pra esse show é bem capaz de nos ensaiarmos e tudo mais. Mas acho que, pra nós quatro, o Supersoniques foi o que foi, e não é mais.

A festa terminou não muito tarde, depois que nós combinamos todos os sacos de salgadinho que tinham permanecido intocados até o momento em um grande misto de sabores artificiais diferentes. Eu fui com Gomão e André até um posto comprar alguns refris e cervejas pra o pessoal encarar tantos salgados, e ficamos contando histórias na beira da piscina até todo mundo ir embora. E foi isso aí.

27.9.03

Se um dia eu tiver a vida que pedi a Deus, alguns momentos vão ser como agora. Estou em casa ouvindo som - sobre o qual eu vou falar mais no próximo parágrafo, esperando a rapaziada passar aqui pra gente ir tocar em João Pessoa de tarde. Pense numa vida mansa. Hoje rolam três shows de bolso numa loja na capital paraibana, pro lançamento de uma coletânea de um amigo nosso, o Ricardo Cabeça. Aí vamos eu, Felipe e André representando o Badminton, Gomão e Henrique representando o Vamoz, tocar uns violões para os batalhadores do rock alternativo lá no Tambaú.

O disco que eu estava ouvindo mas acabou é o primeiro do Jakokoyak, e chama-se "Am cyfan dy pethau prydferth", e obviamente eu não faço a menor idéia do que isso quer dizer. Essa banda é um cara que estudou comigo no mestrado em Bangor, o Rhys Edwards, e esse disco ele lançou no selo dele, o Peski. Tem um link na seção ao lado, mas é fácil, www.peski.co.uk. Esse primeiro disco é muito bom, e é uma coleção de músicas que o Rhys gravou entre 98 e agora. Vale a pena descobrir um jeito de ouvir, acho que no site do selo deve ter mp3's e tal.

É importante ressaltar que a maioria absoluta das músicas do disco é cantada em Galês, então ao menos que você fale, ou conheça alguém que o faça, você também não vai entender nada, porque o disco não traz nem letras, avalie letras traduzidas.

E vamos pra JP. Hoje eu vou tocar gaita em duas músicas, vai ser um roubo medonho.

25.9.03

A música é bonita, e nestes tempos pós-coração partido que eu vivo é até bom ser indulgente na melancolia de vez em quando. A versão é boa, não tão boa quanto o original. Mas hoje eu já ouvi "Você não me ensinou a te esquecer" umas cinco vezes hoje. Já está chegando ali, no limite do chiclete. Eu mesmo já estou cantarolando uma versão envolvendo drogas ilícitas no lugar da letra. Estamos correndo um risco grande de termos a versão 2003 de "Sozinho" em tempo hábil para o Natal se tornar um festival de Caetanos por aí.

E olha que eu ainda não vi o filme, de onde a música saiu. Quero ver, mas estou começando a ficar com medo, pois me disseram que a música toca umas três vezes. O risco é grande de acabar estragando, e eu achar que o especial da televisão foi melhor.

No mais, links novos. E no site das fotógrafas supersexies tem ensaio novo também. Ainda não vi, mas de todos os que eu vi até hoje eu gostei pacas.

Paz, amor e eu trabalhando até duas da madrugadis...

22.9.03

Hoje o dia está bem bacana. Consegui resolver algumas pendengas, revelar fotos da viagem ao Maranhão e também fotos novas de Júlia, finalmente peguei o teclado novo que eu comprei, e abriram uns espaços aqui no estúdio que vão permitir a conclusão de um projeto dentro do prazo sem que eu precise virar coruja. De forma que eu acabei relevando o stress de ter que ficar mais de uma hora no banco e não conseguir resolver quase nada do que eu tinha me proposto a resolver quando fui lá. E ainda fiquei uns quarenta minutos na fila do caixa eletrônico atrás de um travesti que não enganava a ninguém. Dava pra ver as bordas da peruca e o cara não fez a barba direito hoje.

Entrou no ar uma entrevista deste que vos escreve sobre a produção do disco de Maciel Salu & o Terno do Terreiro, no qual estou trabalhando. Se o link que acima não funcionar, fica em http://www.pagina21.com.br/home-cham-7209.html, copiem e colem no navegador de vossa preferência. Pra quem não me vê faz tempo, e isso não deve ser pouca gente, desculpem o susto com o tamanho da barba.

Tenho conversado com pessoas diferentes sobre a minha barba. Alguns recomendam que eu vá a um especialista para que ele ou ela dêem um grau e tudo mais. Estou pensando em ir, mas fico com um pé atrás porque eu acho barba muito bem cuidada um negócio meio duvidoso. E o cara precisa se barbear com a mesma frequência de quem quer manter a cara limpa, é fogo. Mas vou ver o que pode ser feito.

E ontem eu fui ao cinema depois de algum tempo, ver o filme sobre o Paulinho da Viola. É emocionante, mas achei o som do filme muito precário. Tudo bem que boa parte era culpa do som do cinema, que pra vocês terem uma idéia começou a exibição só com as caixas de grave funcionando, até que as pessoas foram reclamar. Mas mesmo assim eu achei as mixagens do filme meio precárias, o som direto comprimido demais, e o cara podia ter usado uns microfones melhores pra captar o som das músicas, principalmente do Paulinho solo ao violão. O som do violão do pai dele, o César Faria, foi quase todo de captador e estava bem ruim tb. Mas entendo que o cara pode ter tido limitações orçamentárias sérias e não pode dispor do equipamento necessário. A vida é assim.

19.9.03

São onze horas da sexta-feira, e eu finalmente cheguei em casa depois de três dias na rua. "Como esse rapaz é farrista", já pensaram aí alguns de vocês. Quisera eu, penso aqui. Eu estive na rua esse tempo todo porque simplesmente não consegui voltar. Sério mesmo. Nem na época em que eu morava lá onde o vento literalmente fazia a curva eu costumava ficar tanto tempo fora. É claro que eu não dormi na rua, entre os necessitados, dormi na casa de Júlia, na casa da minha mãe, lugares que sempre me acolhem com a dose necessária de carinho e tudo mais, mas não é a mesma coisa.

Na minha casa tem os meus gibis, que eu não tenho tempo de ler, os meus discos, que eu não tenho tempo para ouvir, e mais um monte de coisas que eu vejo brevemente umas três vezes por semana. Mas só o fato de estar entre elas é aconchegante. Melhor só se a minha filha morasse comigo, mas isso parece aí que é meio difícil mesmo de acontecer.

Aí Mônica me deu uma camiseta outro dia, com os dizeres "Sou feio e moro longe". Ela me deu porque é uma peça de teatro que o marido dela dirige, mas eu sei que eu ganhei pra usar como uma espécie de sinopse minha para as pessoas que não me conhecem.

É bem verdade que eu não sou tão feio assim. Na verdade, a minha mãe e todas as minhas namoradas - quando namoravam comigo, é verdade - sempre disseram que eu sou até bonito. Talvez não tão bonito quanto o meu amigo da época que elas estavam a fim quando se aproximaram de nós, mas que eu também não sou assim de se jogar fora. Mas imagino que esteja meio difícil de ver qualquer coisa que se esconda por baixo dessa barba toda, seja ela bonita ou feia.

Mas morar longe, isso eu moro. E como. Aí acho que seja interessante já ir avisando. "Veja bem, se você tirar a minha barba, pode ser que eu seja feio, e além de tudo eu moro longe". Acho pelo menos decente. Imagina só, eu conheço uma popet aí, rola um clima, aí um belo dia eu apareço barbeado, chamando ela pra vir ouvir Rolling Stones na minha casa em Jardel. Que roubada. É melhor avisar.

18.9.03

Eu tenho uma foto pra botar aqui, mas parece meio difícil. Ia fazer um fotolog, mas está meio suspenso lá. Putz.

15.9.03

Novos links, aquelas coisas de sempre.
Constatações de um domingo à noite:

1. Tem coisas que só a internet faz pra você. Além das propostas para aumentar o pênis. Eu estou conversando ao mesmo tempo com um amigo de infância, uma ex-aluna e com a mãe da minha filha. Pra que isso acontecesse num espaço real, eu ia gastar a maior grana.

2. Eu realmente estou ficando velho. Recentemente eu me diverti mais voltando à pé pra casa de noite do que nos lugares de onde eu saí pra ir pra casa à pé.

3. A melhor parte do quindim é a de cima. A minha avó tem a manha de fazer um quindim com uma parte de cima gigante. Ela também faz profiteroles e tortas de maçã e de limão. Não existe nada no mundo mais eficiente do que uma boa avó.

4. A pior noite pra sair em São Paulo é a noite de sábado.

5. O revival dos anos 80 (que por sua vez foi um revival dos anos 50 com mais neon e blush) já chegou, sentou e está tomando um cafezinho com um pé em cima da mesa de centro.

10.9.03

A melhor coisa desses comentários é ver que as pessoas visitam e lêem o seu blog. Fantástico. O texto sobre a fundação da ANARA realmente é o campeão de comentários até o momento, nem poderia ser o contrário, uma vez que o tema se mostrou um tanto quanto controverso. Mas é bem verdade que o novo paradigma de charme masculino desengonçado é uma realidade, o que podemos comprovar pelo comentário de Cecília, cujo blog também acabou de ser incluído na seção Blogs ao lado.

O que nos leva a uma outra discussão interessante. Nem adianta eu dizer que os motivos de eu ostentar hoje em dia uma vasta barba nada têm a ver com o sucesso junto ao público feminino do Los Hermanos, porque as pessoas realmente insistem em dizer que eu estou inventando desculpa. Até porque no dia em que eu achar que a minha barba do jeito que está vai servir pra ganhar mulher, é porque não vai dar mesmo. MAS é verdade que eu tenho visto uma porcentagem maior de barbas por aí. Pode ser uma tendência mundial também, ou então, como sempre, alguns caras estão deixando a barba crescer enquanto outros estão se barbeando todos os dias. O Tiago, por exemplo, é um cara que volta e meia (como eu) acaba deixando a barba crescer mesmo.

Poderíamos fazer inclusive uma enquete: Quantos amigos seus você acha que deixaram a barba crescer pra pegar as rebarbas (eu sou um gênio) dos Los Hermanos? Respondam aí nos comentários. Eu mesmo trabalho em um ambiente em que, atualmente, contabilizamos três barbudos e quatro barbeados. Nenhum dos três, e olha eu aí, está apostando nas fãs dos Los Hermanos, até porque elas ficam lá junto do palco e depois do show estão suadas demais. E dois deles, o outro sou eu mesmo, tem namorada.

Vou nessa.

9.9.03

Eu ia escrever, mas estou com sono. Tem links novos na seção "Músicos". Só o amor salva.

Z

8.9.03

Caros amigos e leitores deste modesto espaço, estou aqui hoje lhes dirigindo a palavra escrita para anunciar a criação do meu mais novo projeto. Trata-se de uma associação, a ANARA, ou Associação Nacional dos Agradecidos ao Rodrigo Amarante. Esclareçamos pois do que se trata. Antes de mais nada, aos que porventura não saibam, cabe aqui dizer quem é o Rodrigo Amarante. O Rodrigo Amarante é um barbudo que toca guitarra no Los Hermanos. É, verdade, tem dois, mas ele é o que antes cantava mais backing vocal e hoje divide os vocais com o outro barbudo que toca guitarra, que por sinal chama-se Marcelo Camelo.

Venho percebendo, através de sites e blogs de meninas na internet, que existe um novo paradigma de charme masculino baseado nesse cidadão, o Rodrigo Amarante. Eis que esse novo paradigma abre todo um filão de interação com o sexo oposto para uma categoria de membros do sexo masculino na qual eu provavelmente me encaixo. Explicando o porquê.

O referido Rodrigo não é bonito. Ele também não é feio, note-se bem, mas definitivamente ele não é uma beldade. Aquela testa, por exemplo, é grande demais. Agora que ele está de barba grande, até convence um pouco pelo lado rústico, talvez, mas ele definitivamente não é um Gianechinni ou um Marcelo Anthony.

Pelo que venho percebido nos videoclipes do conjunto Los Hermanos, assim como em suas apresentações na cidade do Recife, onde aliás eles tocam a cada quinze dias, tampouco o mancebo é detentor de um físico invejável, daqueles de acender as chamas da luxúria na mais aposentada das bacurinhas. Provavelmente, trata-se de um zitolibador que ocasionalmente joga uma pelada.

Antes de prosseguir, preciso tornar claro que eu não conheço pessoalmente este rapaz. Já conversei uma ou duas vezes com seus cupinchas Alex e Marcelo, mas nunca tivemos a oportunidade de nos encontrarmos e trocarmos algumas idéias. Parece-me que ele namorou com uma amiga minha durante a turnê do primeiro disco, aquele da Anna Júlia, mas com certeza nada sei.

Por fim, percebo também que ele não é um exímio praticante da arte de se vestir bem. Aliás, nenhum dos Los Hermanos o é, na verdade eles se vestem como a maioria dos caras da nossa idade, bermuda, camiseta, uma camisa de botão aqui e ali, talvez um terno com cara de emprestado do pai. Coisas do mundo moderno.

Mas eis que enfim nosso caro Rodrigo Amarante está colaborando para chamar a atenção das garotas para nós que não somos bonitos, somos um tanto desengonçados e não nos vestimos com todo aquele apuro. O rapaz trás para nós uma esperança, de que mulheres realmente estejam interessadas em caras que, apesar da falta de atributos visuais, tem uma boa conversa, sabem fazer um carinho e cantar uma canção de amor. O mundo me parece um novo lugar para se viver.

Valeu Rodrigo,

Nesta,

José Guilherme Lima
Presidente e sócio-fundador da ANARA

6.9.03

Vini, vidi, vici. Inseri comentários. HTML pra mim é brinquedo. Sou o rei da internet. Daqui a pouco eu começo a pirar nos layouts. Trata-se, indubitavelmente, de um gênio, um homem preparado para encarar o futuro de frente, sem medo da tecnologia. Bill Gates que corra os dedos pelos cabelos que lhe restam, de preocupação. Mas encontro-me prestes a encarar um grande desafio, páreo duro para o mais irredutível dos mortais. Vou dormir no quarto de Júlia, e os vizinhos hoje resolveram que todo o bairro do Parnamirim necessita ouvir, alto e repetidamente, o Zeca Baleiro cantando "Proibida pra Mim", seguida daquela música em que ele diz que hoje acordou com vontade de dar a bunda, ou um beijo que seja, no padeiro ou no guarda.

Voltando aos vizinhos, eles são assim, filantrópicos. Volta e meia resolvem compartilhar, sem miséria nos decibéis, o seu gosto musical com a vizinhança. Vejam só que coisa boa, que ato amigável, imbuído do mais sincero altruísmo. Realmente há uma esperança para aqueles que vivem na terra.

Então lá vou eu. Encarar os delírios do Zequinha tentando pegar no sono. Sábado a noite. Solteiro, liso e cansado. Logo chega o dia em que, se eu disser que nem sempre foi assim, as pessoas simplesmente não vão acreditar.
Você sabe que há algo de errado com a sua vida quando o dia da semana em que você vai se deitar mais cedo é o sábado. São nove e meia da noite, e eu tenho energia pra mais meia hora e olhe lá. Hoje tem show pra ir, filme pra ver na televisão, mas não só eu tenho que estar no trabalho às nove da manhã do domingo, como estou morto. Sério mesmo, não sirvo pra mais porra nenhuma. E são só nove e meia.

5.9.03

Sexta feira chuvosa, o dia está só começando. Hoje o bicho pega até dar uma dor. Como aqui no Fábrica o trampo está sossegado, estou aproveitando pra dar uma guaribada aqui no blog, dei uma mexida nos links, e no meio do nada eu peguei com a minha irmã o telefone de um velho amigo meu, o ilustríssimo Marcelo Vourakis, a.k.a. Salsicha, cantor original do Maskavo Roots, hoje engrossando as fileiras d'Oscabeloduro e outras. Consertei o link do blog da Clara, e agora estou tentando implementar os comentários...

1.9.03

Eis que, em três dias de maranhão, eu ainda não ouvi nenhum reggae, e só comi os bombons de cupuaçu que comprei no aeroporto mesmo. Sou um turista muito do safado mesmo. Em compensação, pode perguntar das botadas mais inacreditáveis da ilha que eu sou local. Ontem fomos gravar numa outra ilha, das pequenas, que fica no meio de um manguezal, e pra chegar lá atravessamos uma ponte digna do Indiana Jones, daquelas que são metade inclinadas prum lado, metade pro outro e balançando.

Hoje é a primeira vez, desde sexta, que eu entro em algum ambiente que não seja o quarto de dormir ou algum lugar onde vamos fazer gravações. É uma parada intensa, mas em compensação a gente vê coisas que não estão presentes em qualquer viagem. No sábado fomos pra uma festa de Tambor de Crioula muito bonita, com as mulheres de todas as idades dançando de um jeito que você já não vê mais por aí. Deu até vergonha de estar com um monte de microfones espalhado pela sala. Tinha umas meninas um pouco maiores que Júlia que já rodopiavam pelo salão, isso lá pra uma da manhã. Só vendo mesmo.

Resolvi que lavar roupas é bom pra saúde, tb. Consegui um preço bacana, oito contos, sem passar, até porque vai tudo pra garrafa onde eu guardo as minhas camisetas (eu ando com uma garrafa dentro da bolsa pra guardar as minhas camisetas - pra justificar a pergunta e a falta de ferro), tudo pronto às seis horas da tarde hoje. Nunca me senti tão limpinho.

Mas eu precisava realmente lavar pelo menos a minha camiseta branca que eu trouxe. Porque eu esqueci em Recife que precisava trazer mais camisetas que não fossem pretas, uma vez que elas não são bem vistas em terreiros de uma forma geral. Coisas da vida e das religiões afro-brasileiras. Acho que o mundo do metal deixou sequelas demais no meu guarda-roupas.

29.8.03

Eu estou em São Luís do Maranhão. Ótima cidade pra testar se os acentos já estão funcionando no meu blog. Silvia (que se escreve sem acento mesmo) me deu um esporro outro dia porque o meu blog não tinha acentos nem cedílias (estou me esforçando mesmo pra mostrar todas as peculiaridades do português nessas poucas linhas). Então aqui vai. Se tudo virar @%$), aí vocês me desculpem.

São Luís é mais próximo à linha do Equador. Portanto o calor é maior. E o babaçu abunda. E bombom de cupuaçu é mais barato e tem em todo o lugar. E tem bombom de bacuri tb. Gostaria muito de saber quem foi o gênio que incluiu o Maranhão na Região Nordeste, uma vez que tudo aqui, inclusive o fato de a Amazônia legal começar aqui do lado, aponta pro Norte.

Estou num cibercafé chamado Poeme-se (é foda, eu sei), rodeado de turistas. Acabei de descobrir que a porra da vendedora que vendeu uma máquina fotográfica pra mim colocou o filme errado e eu provavelmente não tirei foto alguma até agora. Ainda bem que eu já me liguei e botei outro filme, porque vai ter foto pra caralho. Como o mesmo se localiza em pleno centro histórico, vai dar pra tirar novas fotos dessa região. Amanhã eu tiro umas fotos da macumba tb.

Foda é que tinha um fogão à lenha lindo lá no terreiro, e amanhã vai estar de noite e não vai dar pra tirar as fotos do jeito que eu queria. Eu tirei uma foto de um guri de tipo um ano de idade, neguinho, que ia ficar fuderosa, e acho que dançou. Eu não sei, vou tentar revelar esse primeiro filme.

Só que o arrependimento já bateu de não ter trazido uma câmera legal, tem umas coisas que valem o esforço por aqui. Quem sabe pra viagem de Belém em Dezembro eu trago uma.


25.8.03

Eu nao tenho carro e ando de onibus. Mas a necessidade as vezes chama um taxi, e apesar de estar tomando no cu financeiramente, eu me divirto. Nao tenho mais duvidas de que o posto mais alto a que um ser humano pode aspirar e o de taxista. Nada de dono de multinacional, porteiro de zona ou presidente dos Estados Unidos - coitado de quem pleitear este ultimo, na verdade - o emprego mais prestigiado do mundo e o de chofer de praca (leia-se "prassa" e nao placa).

Justamente porque sao os taxistas aqueles homens e ocasionais mulheres que simplesmente sabem de TUDO. Nos ultimos 6 meses, eu aprendi mais com taxistas sobre saude, politica e engenharia do que em diversos anos de universidade e leituras as mais variadas. Plantas que controlam o diabetes, maneiras de controlar o transito do Recife e tudo o que o governo precisa fazer para consertar o Brasil. Nada disso me escapa atraves do convivio com esses profissionais.

Creio que trata-se de uma liga internacional. Nas raras ocasioes em que andei de taxi no estrangeiro, tambem os motoristas de la me revelaram fatos importantes sobre a vida nesse planeta. Todos os segredos da alma feminina, os truques para viver uma vida de fanfarra e ao mesmo tempo nao faltar com a familia, como resolver o orcamento domestico. Eles sabem. Nao e a toa que personagens do nosso cotidiano famosos por seus conhecimentos e experiencias de vida, como o Caco Barcellos, foram taxistas. Foram e maneira de dizer, na verdade, eles ainda o sao. As escondidas, sob um bigode postico, trajando disfarces. Nada e misterio para esses trabalhadores do volante.

Em caso de duvida, consulte sempre um taxista.

22.8.03

Tem momentos em que eu me pergunto aonde estariamos se a internet nao fosse um lugar onde tramitasse tanta besteira. Serio mesmo, imagine quanto a conexao de todos nos seria mais rapida se os servidores do mundo nao tivessem que lidar, todos os dias, com as mesmas mensagens que todos ja recebemos umas duzentas vezes. Entre correntes da felicidade, pedidos de ajuda pra doentes que nao existem e transexuais com um pinto maior do que a maioria dos homens, grande parte do processamento do mundo e desperdicado como quem vai ali e ja volta. Por exemplo, tem uma imagem de um urso polar levando um tombo na neve que eu recebo duas vezes por mes. A mensagem reanimadora que acompanha muda, mas o coitado do urso e o mesmo. Se ele fosse ganhar dinheiro com o uso da imagem, ja seria um urso tropical morando numa ilha particular no Caribe.

Outra coisa que eu me espanto é a mania dos amigos online fazerem festinhas para se encontrarem ao vivo, onde eles acabam conversando sobre a internet. Entao eles falam da vida na internet, e da internet na vida. O engracado e que os nomes continuam os mesmos - "Oi psicodelico47, tudo bem? E ai, ja conseguiu instalar aquele novo programa de download?", e as pessoas nao passam a conviver mais no mundo da carne-e-osso. Elas dao dois beijinhos e so se encontram de novo dali a uns seis meses.

Eu nem posso falar tanto assim, ate porque conheci a mae da Julia pela internet. Tudo bem que por acidente, e que a nossa relacao pela rede so tenha acontecido porque eu estava viajando, mas o precedente ja esta aberto. Eu estou totalmente habilitado pra conhecer e desenvolver uma vida a dois por meio de programas de mensagem instantanea. Vai ver eu sou mais nerd do que quero crer, e o meu destino e so namorar garotas que eu conheci pela rede. Assim eu posso me apaixonar pelas habilidades que elas tenham ao escrever, e pela imagem que elas decidam passar pra mim. E com certeza mais seguro do que ter que encarar a realidade, onde eu posso inadvertidamente me envolver com alguém que goste de Zélia Duncan.

Mas estou tranquilo em relacao ao futuro. Eu li na VEJA que ja chegou no Brasil a grande novidade em termos de estupidez internauta. As flash-mobs, ou aglomeracoes relampago. Um bando de desocupados resolve se encontrar em algum local publico, fazer alguma coisa bastante interessante, como dancar a macarena, e debandar antes que alguem entre eles se de conta de que aquilo nao tem a menor graca. Obviamente, a primeira grande manifestacao do movimento flash-mob foi em Sao Paulo, onde as pessoas estao cada vez mais ligadas ao trinomio casa-carro-trabalho, e onde aventura e ir no shopping Villa-Lobos. Esta demorando a pegar em Recife ou no Rio porque tem praia, fica dificil convencer o povo de que a moda agora e curtir um flash-mob no centro da cidade. Ou mesmo no shopping, onde e mais seguro ser ultrajante.

Estou pensando em organizar flash-mobs tambem. Nas periferias, pro povo menos privilegiado tambem ter a oportunidade de partilhar dessa novidade. Sabe como e, compartilhar o bem que a internet nos faz. O primeiro vai ser em Cavaleiro. O unico problema e que pra chegar la tem que ir de metro, as pessoas se perderiam se fossem de carro. Mas a aglomeracao precisa vir diluida, entao recomendo que as pessoas peguem trens em intervalos de quinze minutos, pelo menos, pra nao dar na pinta. Quando diversos internautas branquinhos e com camisas do coldplay chegarem na Praca de Cavaleiro, e importante se misturar com os locais, senao todo mundo vai saber. Depois a gente expande pra Linha do Tiro, Mata Sete. Podia rolar um ate no lixao de Aguazinha. Essa minha ideia esta fadada ao sucesso absoluto.

19.8.03

"A gente poderia comprar uma casa, com um cachorro e um carro. Ou entao sem cachorro, pra ter menos trabalho. Daquelas com portao baixinho, e uma arvore na frente."

15.8.03

Uma vez que eu resolvi respeitar as peculiaridades do formato blog, aqui estamos nos outra vez. O que me moveu a aparecer aqui e comunicar-me foi um nome. "OS ENTUSIASTAS DA GAITA DE FOLE". Que tal? Se eu nao montasse uma banda com esse nome eu xoxe. Ja montei. Por enquanto sou eu sozinho.

9.8.03

Eu vim avisar que o link do blog da Syl ja esta atualizado. Vao la, ja que eu nao vou. Eu vou e dar banho no nenem.

8.8.03

Eu resolvi escrever de novo porque o meu blog vai aparecer num site entre outros blogs que, de uma forma ou outra, falam sobre música. Um mes e uma semana, ou mais, de intervalo, acho que estou ficando bom nisso. Estou pensando sobre esse blog e acho que talvez seja melhor eu experimentar trabalhar no sistema convencional um pouco, digo, escrever participacoes curtas e frequentes, e nao um texto grande duas vezes por mes, coisa que na verdade eu nunca consegui fazer aqui.

Grande parte desse meu problema com blogs e que eu faco coisas demais. Estou precisando limar uma boa parte delas, creio eu. Desde ontem eu tenho pensado em como fazer isso da melhor maneira possivel, sem deixar ninguem na mao. Talvez esse seja um dos meus grandes problemas, eu fico muito preocupado em cuidar da vida de todo mundo ao mesmo tempo, e nao consigo simplesmente passar algumas obrigacoes adiante, pra pessoas que tambem podem e sabem fazer o que eu faco. Outro problema é a falta de acentos nessa porra desse blog.

Mas por outro lado, essa semana eu gravei um disco de que eu gostei muito, chama-se "Simples" e sao nove faixas de duetos de baixo acustico e bandola, com Junior Areia e Maira Macedo. O baixo acustico e aquele gigante que as pessoas geralmente pensam que e um violoncello, e a bandola e o equivalente da viola na familia do bandolim. O disco homenageia o compositor portugues Carlos Paredes, e foi gravado e mixado em onze horas no domingo passado. Gostei muito mesmo.

A bandola, que tem um dos sons mais bonitos da face da terra, esta sendo revitalizada aos poucos aqui em Recife, atraves do trabalho do Marco Cesar e de pessoas como Maira, ligadas a ele. Digo revitalizada porque até bem pouco tempo, a bandola, assim como o bandoloncelo e o bandolim baixo era relegada a segunda ou terceira voz de orquestras exclusivamente de bandolins, daquelas que gravam grandes sucessos nacionais e internacionais. So recentemente, e aqui, que a bandola voltou a receber destaque como instrumento solista independente, em grupos como o Areia Projeto, que agora fundiu-se com o Grupo de Musica Aberta, e em combinacoes instrumentais variadas.

No mais, a Silvia mudou de blog, mas eu ainda nao sei o endereco novo, entao eu atualizo depois. Vou ligar aqui o meu cronometro pra medir o quanto vai demorar pra eu voltar. Um abraco.

22.6.03

Em pouco tempo de vida, eis que a minha humilde coluna online ja ganhou o titulo de menos atualizada da paroquia. Tambem pudera, mas mesmo assim eu acredito que um dia eu consigo.

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Eu estive em Sao Paulo recentemente, participando de um evento reunindo uma feira de produtos de audio profissional e um congresso da secao brasileira da AES - em ingles, Sociedade de Engenharia em Audio - que contou com a participacao de profissionais de diversas areas, alem de uma representacao notavel das principais empresas do setor. Apesar de nao ser engenheiro e trabalhar como profissional de audio ha relativamente pouco tempo - em comparacao por exemplo ao tempo que eu ja trabalho como musico e professor - eu consegui me sentir a vontade o bastante para nao me furtar de fazer perguntas durante as palestras e tambem buscar maiores esclarecimentos sobre as minhas principais duvidas fora delas. Quem mora em Recife sabe que oportunidades assim nao acontecem todo dia.

As discussoes durante o congresso em si confirmam um sentimento de incerteza que eu ja venho percebendo em outras conversas e tambem ao ler revistas sobre o assunto. Incerteza em relacao ao que vai acontecer com o mercado de entretenimento de uma forma geral e como isso vai afetar o nosso trabalho no dia-a-dia. Por exemplo, a era do CD esta definitivamente acabando, mas ao mesmo tempo nenhum outro formato se consolidou como seu substituto oficial. E o palpite mais provavel e que nao havera um substituto, mas sim uma pulverizacao do formato em diversas possibilidades diferentes, incluindo-se ai o MP3. Em termos praticos isso quer dizer, por exemplo, que nao é improvavel que tenhamos que finalizar um mesmo trabalho - digamos um disco ou uma faixa - de diversas maneiras para acomodar formatos diferentes, do Vinil ao DVD-Audio, se quisermos evitar que alguma outra pessoa o faça malfeito.

Nao que isso seja um grande problema, pelo contrario, e ate bom que se possa trabalhar de forma comercialmente viavel com diversos formatos. Isso barateia o custo de uma producao de um disco em pelo menos tres mil reais, que e o preço medio de uma prensagem de mil copias. O problema vai ser inventar um jeito de ganhar dinheiro com musica pela internet que de pra pagar estudio, produtor, aluguel da casa, escola dos meninos, comprar corda, comida, desinfetante, etc.. Por outro lado, pode ser que essa tendencia tenha como consequencia uma enfase maior na musica ao vivo, uma vez que baixar discos da internet vai se tornar uma coisa mais corriqueira ainda. Mas provavelmente isso sou so eu querendo nao pensar que um dia o bicho vai pegar de verdade.

Uma outra tendencia e a fragmentacao cada vez maior de equipamentos grandes - como por exemplo um computador como os que temos hoje em dia - em modulos menores que podem ser combinados de varias formas e ligados a estruturas ligeiramente maiores. Discos rigidos portateis, por exemplo, estao cada vez mais baratos, de forma que gravar um mesmo disco em estudios diferentes nao e mais uma novela tao grande - tendo em mente que gravar um disco e inevitavelmente uma novela. Isso de certa forma permite que fulaninho faca um determinado trabalho em casa mesmo, mas possa dar uma finalizacao bacana em um estudio legal sem precisar mover mundos e fundos pra isso, muito menos andar por ai com uma pilha de 50 CD's gravaveis contendo todo o material.

Isso tambem traz de volta aquela conversa de termos varios computadores em casa, tipo um computador-geladeira e um computador-televisao, entre outros. O que tambem quer dizer que o computador-computador como o conhecemos hoje deve passar por uma plastica geral e adquirir uma nova cara muito em breve. Tomara que todos eles ja venham livres do Windows.

Uma terceira tendencia tambem deu as suas caras, subrepticiamente, nas palestras e demonstracoes do congresso-feira. Essa inclusive rendeu uma conversa recente com um amigo meu, e e a mais assustadora de todas. Trata-se da nova onda de anglicismos desnecessarios. Depois do gerundismo - "o senhor vai estar efetuando o pagamento em cartao ou cheque?" - e de belos acrescimos a lingua, como o verbo "startar", usado como "iniciar" ou "começar", a moda agora é a traduçao literal. A? o cara deixa de perceber as coisas e começa a "realizar" - "Ah, eu finalmente realizei que berimbau nao e gaita". Lindo, nao? Preste atencao nas conversas que voce vai ter nos proximos dias. Provavelmente alguem vai ter realizado alguma coisa sem ter feito porra nenhuma.

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Falar de mal de anglicismos e escrever sem acento e meio idiota mesmo, mas eu estou tentando dar um jeito nisso. Acho que esse novo Blogger experimental e meio burro, eu vou tentar migrar pra um blogger tradicional onde eu possa escrever todos os acentos. Mudando de assunto creio que seja uma proposta realista essa coluna passar a ser quinzenal. Ate.

16.5.03

O grande problema das atividades paralelas é que, por maior que seja nossa vontade de manter uma certa regularidade, elas estarão sempre sujeitas aos desígnios das atividades principais. Eis que eu já começo esculhambando a minha coluna, que em teoria é semanal, dando um pulo de quase duas semanas na sua periodicidade. Não sem razão, mas se um dia eu quiser esperar que as pessoas leiam o que está sendo escrito, seria pelo menos aconselhável eu não ficar fazendo isso.

Aconteceu que eu passei quase duas semanas trabalhando pelo menos oito horas por dia no estúdio, gravando o disco de uma banda da Bélgica (www.thinkofone.be), isso fora as demais atividades principais da minha vida, ou a mais principal de todas que é ser pai da Júlia. E de ônibus. Mas pelo menos agora o disco já está todo gravado e os caras estão satisfeitos. A única coisa que me decepcionou é que no jornal o milagre foi atribuído a outros santos, mas jornal a gente sabe como é.

Não é verdade, entretando, afirmar que eu mandei temporariamente a coluna pras picas. Nesse período eu me esforcei pra arrumar algumas brechas e escrever alguma coisa. Sendo que não é assim, chegando e fazendo, até porque a gente precisa escrever, ler, reler. Com exceção desta aqui, que vai a seco, até porque eu preciso começar a escrever a coluna da semana que vem.

28.4.03

Esse é, em teoria, o espaço onde eu devo escrever semanalmente. Na verdade, eu ainda não sei sobre o quê, exatamente, mas decidi levar adiante a minha idéia de ter uma coluna regular para escrever sobre assuntos que me interessem, e que possam, conseqüentemente, interessar a outras pessoas também. Leitores. Não é que eu nunca tenha tido oportunidade semelhante antes, mas as pessoas que me conhecem sabem que o meu talento natural para a preguiça é realmente uma obra divina, uma benção dos céus.

Também não é o caso de renegar o meu dom. Digamos que eu tenha resolvido aplicá-lo em outras áreas, e por outro lado disciplinar determinadas atividades que me apetecem, como escrever regularmente sobre alguma coisa em algum lugar. Eu já fiz isso em um informativo de uma banda minha que já acabou. Também já me ofereci para fazer um informativo semelhante para a empresa aonde trabalho, mas por lá as minhas habilidades como redator não devem ter feito muito sucesso.

De qualquer forma, aqui estou eu de novo com o meu projeto sendo posto em prática. Não faço a menor idéia do que o futuro reserva para o meu blog / coluna, mas pelo menos eu coloquei na cabeça a idéia de que essas coisas só prestam quando a regularidade é respeitada, e a inteligência alheia também. Outra coisa que eu também não sei dizer é o que os meus possíveis leitores vão encontrar por aqui. O que eles e elas NÃO vão encontrar são, decerto:

1. Declarações sobre a minha vida pessoal íntima, porque eu sou do tempo que roupa suja se lavava em casa.

2. Declarações não menos íntimas sobre como o mundo é horrível, as pessoas são más e como eu queria morrer. Eu acho o mundo legal, as pessoas legais e eu não quero morrer antes da hora certa.

3. Declarações direcionadas a pessoas em particular disfarçadas de resenha de filme, disco ou comentários sobre uma festa. Eu provavelmente não vou falar sobre festas também, mas isso eu não posso prometer.

No mais, o meu e-mail é o mesmo de sempre, recwiz@hotmail.com. Divirtam-se.

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P.S.: Talvez seja melhor ser viver de música e ser um crítico musical frustrado do que o contrário, apesar de eu nunca ter considerado a possibilidade de ganhar dinheiro escrevendo sobre a música alheia. Mas eu sempre quis escrever sobre música também, então criei uma seção especial aqui para isso. Nesse espaço aqui embaixo escreverei sobre discos, fitas e similares, independente de cronologia ou preferência. Nada que se compare à MOJO, no entanto, aquelas são pessoas que realmente sabem o que estão fazendo. Nessa primeira edição eu vou só apresentar o espaço mesmo, me abstendo de falar sobre um disco específico. Até porque eu ainda nem sei se o gueri-gueri tecnológico daqui vai funcionar...