28.11.03

Mais discos

Acho que uma das coisas que me trouxe para o lado da produção fonográfica foi o fato de eu ser comprador de discos desde guri. Antes mesmo de ter a minha primeira aula de violão com o Tio Ciro, eu já comprava um disco aqui, outro ali. Que eu me lembre, o primeirão mesmo foi o "Nós Vamos Invadir sua Praia", mas pode ter sido o "Menudomania" ou o "Thriller". E teve "O Passo do Lui", que eu ganhei de presente. Tirando o dos Menudos - que minha irmã herdou e depois repassou pra filha do caseiro do sítio - eu ainda tenho todos. E comprei outro Menudomania em Brasília, de certa feita.

Essa mania de discos - eu me lembro uma vez na época da oitava série que eu encontrei um amigo da sala no shopping e tinha acabado de comprar o "Louder than Bombs" e ele comentou comigo "Porra, mas você só pensa em disco!" - acabou gerando uma afeição muito grande pelo processo de fazer um disco, do começo ao final. E de me emocionar mesmo quando um disco em que trabalhei chega da fábrica, você vê ele ali todo bonito, colorido, bota pra tocar. E olha que eu ainda não fiz nada que tenha saído em vinil, acho que aí é que eu ia me emocionar mesmo. Imagina, uma prensa de 180 gramas? E colorido? No dia que sair alguma coisa em vinil colorido eu vou ter um infarto do miocárdio.

Eu estive pensando muito sobre isso durante as masterizações que eu fui fazer em São Paulo, como cada etapa do processo influencia no resultado final, como o disco é a cara de todo mundo que trabalhou nele. É também por isso, e não só por causa do passar do tempo ou das mudanças nas tecnologias, que discos diferentes da carreira de um mesmo artista podem ter sons tão diferentes. Feito os discos dos Beatles, os que o Norman Smith gravou têm um som, os que o Geoff Emerick fez têm outro, ainda que levemos em conta a visível evolução musical da banda em si.

Outra coisa legal de fazer discos é que eles geralmente - a não ser quando a coisa vai muito mal mesmo - rendem boas amizades, ou pelo menos uma camaradagem maior com algumas das pessoas envolvidas. Isso, eu acho, é o maior barato, porque além do mais ajuda na unidade do trabalho. Geralmente, também gera material para outro disco, só com as palhaçadas que acontecem entre uma ou outra tomada que entra no disco propriamente dito...

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