10.11.03

Os discos são uma coisa muito engraçada mesmo, e a impressão que nós temos deles às vezes muda com o tempo. Felipe, por exemplo, já gostou muito do "Passion & Warfare" do Steve Vai, e eu mesmo já gostei do disco preto do Metallica. Por uns dois dias, mas gostei. Eu também já passei um bom tempo sem ir com a cara do Radiohead, por não ter ouvido direito outros discos que não o Pablo Honey, e acho que o mesmo se aplica ao Los Hermanos e àquela coisa linda de papai que é primeiro disco deles.

Aí no momento eu estou revendo, mais uma vez, as minhas opiniões sobre um disco em particular. Chama-se "Les Rita Mitsouko Preséntent The No Comprendo". Se não me engano, é primeiro disco do Les Rita Mitsouko, um duo francês formado por uma senhora chamada Catherine Ringer e um cidadão chamado Fred Chichin. Esse disco foi gravado em plenos anos 80, com direito às baterias eletrônicas e sintetizadores de frequência modulada de antanho. Foi produzido pelo Tony Visconti, que definitivamente mora no Olimpo dos produtores fonográficos. Ele já moraria lá por ter produzido o Electric Warrior do T.Rex, mas ele continua insistindo em pagar o aluguel em dia.

De qualquer forma, eis a história. Em 99, eu estava muito cansado do meu trabalho e resolvi tirar um mês e meio de férias pra divulgar o disco do Supersoniques no sul-maravilha. Passei uma semana e meia no Rio, umas três em São Paulo, e o resto em Brasília. Nessa de divulgação aconteceram algumas aventuras, e coisas legais. Aí em Brasília a minha tia tinha um amigo que conhecia Deus, o mundo e a torcida do Flamengo dos meios de comunicação da cidade. Era um cara que trabalhava num ministério e falava feito irradiador de futebol. Passamos uma tarde deixando os discos que tinham sobrado em rádios, jornais e outros contatos importantes na opinião dele. Gente boa.

Numa determinada hora a gente parou pra ouvir um som e ele mostrou esse disco. Numa ouvida rápida, eu gostei muito, mas não fazia nem idéia de como conseguir uma cópia, etc. e tal. Aí ano passado eu estava na França e pensei que seria o melhor lugar pra comprar esse disco, porque provavelmente é o lugar mais fácil de achar discos de uma banda que não é muito conhecida fora de seu país - o cara que me mostrou tinha morado na França nos anos 80, diga-se de passagem. Então eu fui lá e comprei esse e mais outro. Só que quando eu ouvi de novo, eu fiquei meio assim, assim. Não é tão legal quanto eu pensava, eu pensei. Aí fiquei naquela de pensar que tinham outros discos na loja que eu deixei pra lá porque quis comprar esses dois. Ninguém nunca está satisfeito mesmo.

Aí hoje de manhã eu estava procurando um disco pra ouvir, e resolvi dar uma chance pra essa rapaziada mostrar o seu trabalho. Confesso que estou mais feliz, porque o disco é bacana, apesar de ter algumas coisas características da música pop francesa que nunca vão descer muito bem pela garganta mesmo. Mas o sentimento de preciosos euros terem sido desperdiçados já passou. E no mundo mágico dos discos isso é uma coisa muito importante.

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