29.7.04

As facilidades da vida moderna

As coisas estão muito fáceis. Eu cheguei à essa conclusão outro dia, arrumando umas coisas em casa, e cuidando de jogar fora pilhas e mais pilhas de quinquilharias acumuladas em mais de dez anos morando em casa grande. Pra se ter uma idéia, eu encontrei os últimos cachos da minha cabeleira de dez anos atrás, cortada ao passar no vestibular. Mas antes de cortar, eu selecionei alguns cachos que foram prometidos a várias mulheres que achavam uma pena cortar uma cabeleira tão bonita. Algumas não receberam e os meus cabelos ficaram por ali virando dreadlock até anteontem, quando foram todos devidamente dispensados das suas funções de souvenir de Zé Guilherme cabeludo.

No meio da papelada, volta e meia surgiam fanzines dos mais diversos cantos do país, isso tudo graças a um único fanzine que eu fiz na vida - na verdade foram duas edições, mas a primeira não teve tantas cópias assim - e mandei para todos os amigos e bandas que eu conhecia na época. Aí eu me lembrei dessa época, em que a gente tinha banda independente mas não tinha internet. Pra mim, que conheci a mãe da minha filha por e-mail, esse tempo é um tempo muito, muito distante. Dos fanzines, confesso que joguei boa parte fora também, só guardei os mais bonitos, criativos ou com textos que eu ainda tenho interesse em ler.

Essa época era uma febre de correio da porra. Acho que a ECT ganhou muito dinheiro com a cultura alternativa no Brasil, porque menino, como tinha carta indo prum lado e pro outro. E tinha um negócio muito engraçado que eram umas filipetas que a gente mandava dentro das cartas, fazendo propaganda de outros fanzines e bandas. Também guardei alguns, e joguei pilhas e pilhas de outros fora. Tinha um outro negócio também, só que isso era mais entre os correspondentes - eu já tive milhares de correspondentes pelo mundo afora - em que fulano fazia um livrinho e este ia passando de pessoa em pessoa e cada um colocava o seu endereço e o que bem entendesse, aí quando o livrinho enchia você tinha que mandar pra primeira pessoa da lista e tal.

Por um lado, é tudo menos romântico hoje em dia. Você não escreve mais pra um cara em Piraporanga dos Aflitos, Acre, e pede pra comprar a fita demo da banda dele ou trocar por alguma demo de uma banda da sua cidade. Você vai em algum site e baixa uma música. Você também não fica sem saber se a menina com quem você está se correspondendo no Japão é gatinha ou não, tem um fotolog, um perfil no orkut pra você se informar. É mais fácil, e talvez um pouco menos legal, mas definitivamente ocupa menos espaço no seu apartamento pequeno.

28.7.04

De volta à UFPE

Desde, sei lá, março eu acho, que eu estou fazendo uns trabalhos aqui no estúdio do Depto. de Música da UFPE. Esse ano comemorar-se-iam 10 anos da minha entrada como aluno nessa instituição, se isso lá é coisa pra comemorar. É engraçado estar de volta, assim de vir pra cá todo dia, porque inevitavelmente você lembra das coisas da época em que era aluno, feito chegar na cantina e encontrar Cristiano Ameba tomando café e fumando cigarro. E obviamente, Marcelo Demo e Queóps "Régis Diagonal" Negão, as onipresenças do CAC, que hoje em dia debandaram de verdade.

Algumas coisas mudaram. A cantina, por exemplo, mudou. Sem saber, eu comi uma das últimas delícias de queijo de todos os tempos. Agora a gente precisa ir até o CFCH pra ter uma intoxicação alimentar. Mas pode ir no Pra?ada alimentar-se da misericórdia de Krishna. O banheiro agora tem papel higiênico quase todo dia, e não fede tanto a urina fermentando o tempo todo. Fede um pouquinho, mas menos.

Outras coisas nunca mudam. Bel, por exemplo, continua vagando pela área da graminha, aparentemente sem ter o que fazer. Tem aquele cara também, que eu acho que se chama Zito ou Zizo, que faz uns jornaizinhos, e que fica sempre por ali argumentando. Ultimamente ele está sempre acompanhado do Leonardo, que é um cara que estudou comigo na 5ª e na 6ª série no Dom Bosco, e eu era tipo o único amigo dele na escola. Ainda sou, mas a gente conversa pouco.

O departamento, eu acho que está mais legal. Pelo menos, tem mais pessoas legais circulando, inclusive entre os professores. E o estúdio está sendo mais usando, o que é muito bom pra todos. Eu me lembro quando nem tinha estúdio, tinha uma sala caindo aos pedaços onde a gente fazia revezamento de dormida nas aulas do Prof. Zé Amaro. Metade da turma dormia meia aula, depois trocava com a outra metade, que dormia a outra parte da aula. De vez em quando uma afetação mais barulhenta vinha do teatrinho, aí a gente acordava. Hoje em dia quando uma afetação mais alta vem do teatrinho, geralmente a gente precisa parar o take no meio e voltar do começo.

Outra coisa que não mudou é que a professora de arquitetura que ia cuidar disso não cuidou, e estamos desenvolvendo uma teoria de que ela só está vindo fazer medições aqui pra dar aula mesmo.

23.7.04

Inaugurando nada de novo

Eu criei aquele blog lá em baixo pra botar uns textos autorais, um negócio assim meio pretensioso mesmo. Mas não deu muito certo ainda, porque se eu mal tenho tempo pra escrever música, pra escrever assim textos pretensiosos menos ainda. Só que eu resolvi tentar fazer o que eu já tentei fazer nesse blog aqui de novo lá, fazer tipo uma coluna. Aqui virou putaria mesmo, então não adianta. Então eu resolvi experimentar. Hoje eu escrevi um texto de três parágrafos que eu achei uma bela merda, mas botei assim mesmo pra servir de referencial. Acho que semana que vem eu escrevo outro, ou na outra. Não sei se eu vou eventualmente escrever sobre música. Ainda não escrevi. Bom. Eu mudei o nome do link, agora é "A coluna", e quem quiser ler, leia, e quem não quiser vai continuar sendo meu amigo do mesmo jeito.

20.7.04

Às vezes dá bronca

Caros leitores deste humilde,
 
O meu teclado parou. Alguma coisa muito louca no meu computador caseiro. Estou terminando os backups - que dá pra fazer só com o mouse - pra reconfigurar tudo e tal. Então pode ser que eu demore alguns dias pra escrever de novo e de verdade aqui. Mas está tudo bem.

13.7.04

Aquela lista da qual eu falei outro dia

10 items de dez outras listas de dez

1 - Levar Multa - #5 da lista de dez coisas que eu acho importantes para a manutenção da ordem mas detesto quando acontecem comigo.
2 - Nigel Eaton - #3 da lista de dez artistas que eu descobri recentemente e nos quais eu me amarrei.
3 - Tomar chá com leite - #10 da lista de dez hábitos pernósticos que eu tenho.
4 - Mário Câncio Oliveira dos Santos - #4 na lista de dez pessoas que eu não conheço.
5 - Dominó - #7 na lista de jogos que eu realmente me divirto jogando.
6 - Beto Legião - #2 na lista de pessoas que sabem o segredo do universo mas ainda não conseguiram me explicar.
7 - The Drugstore Ninjas - #6 na lista de dez bandas que eu montei mas que nunca ensaiaram nem fizeram show.
8 - Parlapatão - #9 na lista de palavras da língua portuguesa que eu gostaria de encontrar uma oportunidade perfeita para utilizar.
9 - Boa Viagem - #1 na lista de bairros do Recife que poderiam virar um estacionamento, ou extensão da praia.
10 - Padaria - #8 na lista dos dez tipos de estabelecimentos que mais drenam as minhas economias.

12.7.04

De volta

Voltei. E estou com preguiça de escrever.

8.7.04

The road is my heart and soul

Ou "lá vamos nós de novo". Mas eu não posso dizer que não fiz por onde. Começa nesse fim-de-semana mais uma maratona de viagens para lugares diversos. Primeiro Garanhuns, fazer som pr'A Roda, Superoutro, Mônica Feijó e Mombojó, e de repente tirar um dia de folga que ninguém é de ferro, muito menos eu.

No próximo, Natal com Mombojó e Mellotrons. Nos dois últimos finais de semana de julho, vou para o interior da Bahia com Sandroni gravar coisas por lá. É complicado, é preciso muita compreensão por parte dos familiares, eu morro de saudades toda vez, mas esse é o meu trabalho, eu gosto dele e também não dá pra ficar recusando ofertas, afinal de contas alguém precisa comprar o leite proverbial.

É verdade que um dia eu quero ter a minha base, onde eu possa passar muito tempo livre - um dia eu também quero ter tempo livre - com a família, ter uns cachorros e um piano, finalmente colocar todos os meus discos numa casa só, essas coisas que a gente almeja na vida. Mas acho que eu ainda preciso passar um pouco por essa fase de provação, de ter que ir aonde os músicos estão, ou ir com eles para onde eles forem. Por enquanto está limpeza, quando engrenar mesmo deve piorar, ter que passar mês fora e a porra. Pelo menos, é assim que funciona, né? Se bem que um mês no Lindhurst Hall, eu passo até varrendo o chão.

Por outro lado, podia ser pior, eu podia ser marinheiro, ou piloto de avião, ou funcionário de plataforma da petrobrás. Pelo menos, no meu emprego eu corro o risco de passar um bom tempo sem fazer nada às vezes, e, se um dia eu aprender a cuidar do meu dinheiro, eu posso até planejar férias mais de uma vez por ano.

6.7.04

Eu acho que eu estou me esgotando

O que me conforta é que eu não quero, pelo menos ainda, ganhar a vida como escritor. Já me disseram que eu podia, mais de uma vez, mas a perspectiva de me ver envolvido com um emprego em que eu tenho que correr ainda mais atrás do que no que eu já tenho - além de ter que passar provavelmente mais tempo ainda na frente de um computador - sinceramente me assusta. Por enquanto, todos os meus livros estão na biblioteca do Reino dos Sonhos sob a guarda do Lucien. E com essa frase e o comentário de Felipe sobre o nome da banda, as pessoas podem realmente começar a pensar que eu estou virando goba.

Aí disseram em algum comentário aqui desse blog, "Zé, escreve aí", e eu estou aqui pensando no que escrever. Obviamente, vocês já se deram conta que eu sou espertão, e comecei a escrever sobre não saber sobre o que escrever, que menino inteligente eu realmente sou. Mas é uma situação ingrata, considerando que o meu blog não tem exatamente um perfil. Nesse momento mesmo, eu já parei e pensei, pra onde eu vou agora.

Nos últimos dias, eu pensei em escrever alguma coisa sobre Carrie Bradshaw e seu seriado extremamente sem piadas para homens, mas não estou inspirado o bastante para fomentar o ódio feminista contra mim. Eu também pensei em escrever sobre o final de Friends, mas aí lembrei que eu posso muito bem me aproveitar da situação e ser um dos cinco blogs que não vão dedicar um post exclusivo ao assunto. Eu pensei em expandir ao extremo o conceito de lista de dez, fazendo uma lista com dez items de dez outras listas, mas fiquei com preguiça e esse mote já está meio batido mesmo. Outra coisa que eu podia falar era sobre como eu estou realmente expandindo a minha lista de amigos no orkut, encontrando vários amigos de vários lugares do Brasil, e do Iraque, por lá.

Sendo que eu resolvi que eu vou ficar assim mesmo, tendo escrito esse tanto todo e sem falar mesmo sobre porra nenhuma.

4.7.04

Música nova

Finalizamos uma música, que você já pode baixar. No link ao lado.

1.7.04

Serve sim, pra alguma coisa

Recentemente, eu descobri que a internet tem outras utilidades além da pirataria descarada, da pornografia grátis e da perda de tempo valioso. É verdade, as pessoas conseguem encontrar outras pessoas que elas não vêem há muito tempo, através da internet. Nem sempre dá certo, mas às vezes dá.

No último mês, eu "reencontrei" um amigo e uma amiga com quem, pelos meus cálculos, fazia pelo menos uns dez anos que eu não conversava. No caso da minha amiga Simone, talvez faça um pouco menos, uns oito, dado que eu a conheci faz dez anos. Mas o Daniel, porra, esse acho que faz ainda mais tempo ainda.

Isso me lembrou um negócio engraçado. Em 2000 como em 2004, a reca foi pro Sul Maravilha ver o Sonic Youth. Estávamos todos lá, Yellow, Genaro, Popa, Coelho, Júlio Prato, Picolau. Uns dias depois do show, eu fui ao cinema com Silvia ver "Alta Fidelidade", e tinha um cara na fileira da frente que eu poderia jurar ser o Daniel Funcia. Sendo que naquela época eu acho que já fazia quase uns dez anos que eu não tinha notícia do cidadão, então a fisionomia poderia enganar qualquer incauto.

Mas já naquela época, como sempre, o povo pegava no meu pé porque eu conheço muita gente e tal, então eu fiquei meio acanhado de levantar e ir perguntar pro digníssimo se ele era ou não o Funcia. Eu estava no cinema com a namorada, ia ver um filme bacana, e tinha comprado o livro de Harmonia do Arnold Schoenberg, então fiquei na minha.