19.10.03

Estou me comunicando nos últimos instantes desse sábado, porque quando eu terminar de olhar os meus e-mails, eu vou dormir mesmo. A farra ontem foi grande, e hoje o dia foi vagaroso, e o melhor a fazer mesmo é ir pra caminha, feito Júlia já foi e está muito bem.

Ontem teve um show do Bonsucesso Samba Clube no Acústico Pub em Olinda, e a rapaziada não brincou em serviço. Acabou que eu fiquei conversando com André até de manhã, e depois do sol raiar ainda rolou uma pequena discussão sobre se eu vou ter ciúmes de Ju quando ela começar a namorar e tal. O engraçado é que nessa discussão, em que participaram todas as pessoas da mesa mas cujo epicentro fomos eu e uma garota que eu conheço de vista mas não sei o nome, acabou rolando uma inversão de papéis.

A menina em questão estava insistindo que eu vou ter muitos ciúmes e vou ser um papai bem marcação cerrada e tal, e eu dizendo que não, que eu não tenho nada a ver com isso, e que Júlia já vai estar bem grandinha nessa época pra cuidar do seu nariz e de outras partes do corpo que ela porventura resolva envolver em seus namoricos. É óbvio que conselhos e advertências são necessárias nesse mundo de Nosso Senhor, mas nada que incomode demais a guria.

Aí na verdade a conversa nem chegou em lugar nenhum - como se alguma conversa em mesa de bar chegasse - e eu fui embora na metade. Até porque o raiar do dia pegou todo mundo de surpresa e eu estava sinceramente com sono, e fui pra casa tomar o meu Ovomaltine.

Mas pensando agora, eu acho que é difícil pensar no futuro nesses termos. E se eu virar um velho rabugento? E se o namorado da minha filha gostar do Guilherme Arantes? E se ele for músico? E se as duas coisas se combinarem e ele ficar tocando "eu não sonhava te amar desse jeito" pra ela na sala da minha casa? Tem como eu admitir uma coisa dessas? Porque Silvia mesmo eu sei que não vai deixar uma pouca vergonha desse calibre acontecer ali no sofá. Aí vai ter que rolar aquela conversa séria: "Olha, eu sei que vocês já se acham muito maduros pra fazer essas coisas, mas Guilherme Arantes não pode. Ou pelo menos façam isso fora da minha casa."

É complicado pensar nessas coisas. Tem gente que se preocupa se os filhos vão fumar maconha, ou ter relacionamentos homossexuais quando crescerem. Eu não temo nada disso, mas tenho pavor de um genro - ou uma nora - que toque Legião e Jorge Vercilo ao violão. Porque filha minha não vai fazer dessas coisas, mas eu não posso cuidar do filho de todo mundo.

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