20.4.04

Quer moleza? Vai no Balaio.

Hoje em dia, entretanto, é difícil encontrar um Balaio, supermercado, de bobeira por aí, de forma que resta-nos apenas a opção de sentar no pudim. Eu sempre me indaguei porque alguém sentaria num pudim, podendo comê-lo, eu mesmo adoro pudim de leite, e preferiria muito mais comer um inteiro do que desperdiçar uma iguaria dessas com a minha bunda mole. É verdade que, bunda mole que sou, eu poderia simplesmente sentar-me, pois tendo a bunda mole, seria moleza de um jeito ou de outro.

Mas nem só de bunda vivo eu. Aliás, se eu fosse viver de bunda, passaria fome, e por conseguinte acabaria mais sem bunda do que já sou por natureza. Pelo contrário, bunda comigo, só as alheias, e femininas. Aprecio demasiado, posso dizer. Fazer o quê, afinal de contas sou brasileiro, e tenho que respeitar a preferência nacional. Fosse eu americano, estaria à mercê do silicone de outrem. Pior ainda se fosse inglês, cujas mulheres além de ter peito e bunda muito aquém do admissível, ainda são feias, usam maquiagem demais e se vestem mal. Mas em compensação, são um pé no saco.

Agora moleza mesmo, tá difícil de pintar pra mim. Eu estava pensando nisso hoje, em que a gente passou o dia tirando som de bateria no estúdio. Quem ouve assim um disco não imagina o parto que é tirar um som bom de bateria. Tem que ficar andando pela sala pra descobrir os pontos mais bacanas pra colocar as ambiências. Tem que afinar, reafinar, tirar barulhinho, resolver as ressonâncias indesejáveis de todos os tambores. Tem que experimentar dois, três microfones diferentes em lugares diferentes pra ver qual que se encaixa melhor com a pegada do baterista. Em suma, pega-se em bomba na hora de tirar som de bateria

Só que vale a pena perder esse tempo todo, você perde muito mais se não fizer isso e deixar pra corrigir na mixagem. E é legal trabalhar com um produtor ou um artista que sabe o que está querendo, porque faz com que você tenha que se virar pra conseguir. Eu acho legal, mesmo quando são exigências que soam um tanto absurdas, tem sempre um fundo de verdade ali. Se o produtor-mor da música pop século vinte ouvia o John Lennon dizer que queria que a voz dele soasse como uma laranja, e ainda dava um jeito de resolver o problema, quem sou eu pra fazer bico com as exigências que me aparecem?

E olha que eu já tive que resolver cada uma que valha-me Nosso Senhor. Mas como eu ia dizendo no título, quer moleza, vá no balaio, ou sente-se no pudim mais próximo.

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