24.5.04

Memória Olfativa

Eu estava lendo na Superinteressante, essa com o Brad Pitt de Aquiles na capa, várias coisas interessantes sobre o olfato, e dentre elas o aspecto de que um cheiro pode lhe remeter imediatamente à outro tempo ou lugar, ou pessoa. Eu não lembro exatamente se existe uma explicação científica pra isso, provavelmente não, porque o olfato é o menos estudado dos cinco primeiros sentidos, mas que é verdade, é.

Por exemplo, a Zona Sul do Rio de Janeiro tem aquele cheiro misturado de gás e praia que você só sente lá. Toda vez que eu estou mascando um chiclete de canela eu penso em algum toque de Xangô que eu fui. E hoje eu comprei um sabonete que me fez lembrar do Hobby.

O Hobby era, ou é ainda, uma rede de academias de ginástica que eu frequentava em São Paulo. Na época a gente chamava de clube, e chamava banda de rock de conjunto. Era um lugar aonde eu ia umas duas vezes por semana, e sempre tomava banho, e tinha uns sabonetes verdes com o mesmo cheiro desse que eu comprei.

Dentre todos os talentos que eu porventura possa ter, a aptidão para os esportes definitivamente não é um deles. Então no Hobby que a gente frequentava - que ficava ali perto do Parque do Ibirapuera - eu perambulei entre diversas atividades nas quais eu era invariavelmente aquele aluno que trazia à mente do professor os questionamentos mais profundos sobre se aquilo era realmente o que ele deveria estar fazendo da vida. Tipo o que ficava de parelha com o cara que não conseguia derrubar ninguém no judô, só a mim mesmo, pra pelo menos ele derrubar alguém.

De modo que a minha hora preferida no clube era tomar banho depois da aula e comer um hamburguer com Tafman-E na cantina. Por isso que eu gostei de sentir esse cheiro de novo. Da mesma forma, rezo pra não ter que usar da minha memória olfativa pra lembrar do gordinho que ficava contando itch-ni-san-chi na minha cara. Que eu me lembre ele tinha um bafo terrível.

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