30.1.04

Troféu

O tópico cuecas rendeu o maior número de comentários até agora. Só podia mesmo. Mas eu queria dizer ao Jorge que a cueca dele dos Simpsons já foi lavada e está disponível para recolhimento na unidade Jardel.

29.1.04

Roupas de baixo

Eu uso cuecas samba-canção, exclusivamente, há alguns anos. Isso foi uma mudança radical na minha vida, a partir do dia em que eu me dei conta de que eu tinha vinte e tantos anos de idade, e ainda era a minha mãe que comprava as minhas cuecas. E que ainda por cima, eu não gostava de cuecas convencionais, eu sempre gostei mais de samba-canção, mas só tinha umas duas, que eu mesmo tinha ganho ou comprado.

Aí eu resolvi que eu gostava mesmo de cueca samba-canção e passei a comprar as minhas próprias cuecas. Muito bem.

Hoje, por um acaso do destino, eu estou usando uma cueca tradicional, daquelas que as pessoas aqui em Recife chamam Zorba - naquele mesmo processo do Cotonete, do Modess e do Bombril. Desde que eu fiz essa mudança, essa é a segunda vez que eu tenho que usar uma cueca dessas o dia inteiro, e eu estou mais certo do que nunca de que eu odeio cueca tipo sunga. É como se você passasse o dia com alguém segurando nas suas partes e apertando. É terrível.

Mas aí você vai me perguntar por que cargas d'água eu ainda tenho cuecas assim. A resposta não poderia ser outra: porque eu ganhei da minha mãe no Natal.

28.1.04

Ligações. Ou elos.

Vim só botar uns sites novos aqui na esquerda. Tente descobrir quais. Eu descobri hoje que a Nancy Sinatra canta muito melhor que o pai.

27.1.04

Indo, voltando e correndo o tempo todo

Depois de um final de semana recheado de aventuras no sertão, com direito a carro atolado, Jurubeba e ainda um padre cantor de Petrolina - ou Petrolândia - tocando o "Vira de Jesus" num palco imenso, estou eu aqui de novo encarando a cruel tela do computador, associada à cruel realidade que eu tenho pouco menos de um mês para escrever uma dissertação de mestrado que agrade à banca lá do País de Gales.

Nesses momentos eu fico pensando porque eu inventei de fazer um trabalho sobre gravações de campo. Eu devia ter escolhido um filme mudo pra fazer a trilha, teria sido bem mais fácil, divertido e hoje eu já podia obrigar as pessoas a me chamarem de Mestre Zé. Mas não, eu tinha que botar o cu na reta e querer ser o Zé Bacanão que grava as coisas em campo e depois tem que se fuder pra explicar porque aquilo contribui de forma indescritível no que diz respeito ao desenvolvimento científico e ao bem da humanidade. Isso pra um punhado de galeses que provavelmente não estão nem aí pra quem pintou a zebra ou pro que sobrou da tinta.

E eu aqui com esse Microsoft Word que me abraça. Eu ainda nem sei aonde eu vou mixar essas coisas que eu vou mandar, ou o que eu vou dizer à guiza de justificativa. Mas vou mandar alguma coisa, eu tenho esse compromisso moral. Se colar, colou.

21.1.04

A vida tem dessas coisas

Temos que escolher, em nossas vidas. Desde sapatos até empregos. A gente só não escolhe família e paixão. E pra cada escolha, e também pras coisas que a gente não escolhe mas a vida escolhe pra gente, existem consequências com as quais temos que lidar durante um bom tempo. Eu escolhi ser músico, trabalhar com música. Eu poderia ter sido engenheiro, médico, arquiteto, jornalista, ter feito concurso público, essas coisas de quem era bom aluno na escola. Mas eu resolvi que eu queria ser músico, e depois eu descobri que também gosto de ser técnico de gravação e de produzir discos.

Eu não troco a minha profissão por nenhuma outra. Gostaria, obviamente, de ganhar o bastante pra não ter que me preocupar com cheques voltando, ou de onde eu vou tirar dinheiro pra pagar as contas que eu nem sempre pago. Mas eu não preciso ficar ligando o foda-se tantas vezes quanto uma pessoa que trabalha na receita federal precisa, por exemplo. Eu realmente gosto de todas as coisas que eu posso fazer pra ganhar dinheiro.

Agora, tem as desvantagens. Como por exemplo, ter que fazer o backup de um disco rígido de 120 Gigabytes pra ontem, usando um sistema que demora mais ou menos 3 horas pra copiar 10 Gb. Isso quer dizer que eu vou passar a noite trocando fitas de 10 Gb de três em três horas, e dormindo nos intervalos. Como eu sou adepto do sono longo e tranquilo, eu não vou me divertir muito fazendo isso. É uma daquelas coisas que a gente tem que administrar, a partir das escolhas que a gente faz. Isso e o liseu, no meu caso.

19.1.04

Shake my baby and pleeease bring her back

Tem uma música do Uncle Tupelo chamada New Madrid - o nome de uma cidade americana - que é uma canção de amor baseada numa analogia com uma história que rolou nessa cidade, em que um rio correu ao contrário, devido a um fenômeno fenomenal desses que acontecem. É do Anodyne, o último disco da banda, quando a banda já era praticamente a primeira formação do Wilco, mais o Jay Farrar, que deu um pitu na rapaziada e lavrou.

No disco quem canta é o Jay Farrar mesmo, mas eu tenho aqui no computador um mp3 do Jeff Tweedy tocando ela no violão num show solo, nesse caso específico num lugar chamado Lounge Ax, que vocês também podem baixar da internet. Tem várias músicas de toda a carreira dele, incluindo algumas músicas do YHF. No entanto, o mais legal desse mp3 é uma piadinha que o Jeff Tweedy conta antes de tocar a canção, na qual ele conta que estava tocando gaita em casa e o filho dele - com 4 anos então - comentou: "-Bob Dylan toca gaita, e papai toca gaita. Mas papai não é Bob Dylan". É um daqueles comentários geniais que só as crianças conseguem fazer, feito o Rei está nu e tal.

Toda vez que eu ouço essa piada eu lembro de Júlia, porque sempre que eu estou tocando alguma coisa em casa ela para o que está fazendo e vem pra junto de mim dizendo "qué tucá". É engraçado que na escaleta e na gaita ela fica cantando umas notinhas porque ela não entendeu ainda que você só precisa soprar. Mas ela está começando a entender como funciona tocar violão.

Isso me faz pensar que, nesse sentido, eu vou ser provavelmente um pai besta mesmo. Outro dia eu estava olhando uma bateria de brinquedo numa loja e descobri que o que estava realmente passando pela minha cabeça era quanto tempo faltava pra eu poder dar uma bateria pra ela. O mesmo vale pra qualquer tipo de brinquedo musical. Pior vai ser se ela tomar gosto mesmo, acho que eu vou me lombrar mais ainda do que eu já me lombro comprando bugingangas musicas pra mim.

Eu não sei, pode ser que ela resolva ser dentista, e aí eu não vou conseguir me divertir comprando maquininha de fazer obturação. Certo mesmo só que nem eu, nem Júlia, nem o Jeff Tweedy e muito menos o Spencer Miller somos o Bob Dylan.

16.1.04

De volta

Eu passei essa semana ausente aqui desse espaço, por vários motivos. Geralmente, quando a nossa vida na internet não existe, é porque a nossa vida fora dela está um pouco bagunçada. Geralmente pra mim, pelo menos. E esse é o caso. Numa dessas puxadas de tapete que o destino nos dá, perdemos uma pessoa na família de uma forma inesperada, e como é de praxe no nosso ambiente familiar, nós continuamos fazendo o que precisávamos fazer, e o que passamos a precisar para lidar com essa situação toda.

É uma coisa complicada quando uma pessoa que foi uma referência pra você em várias coisas deixa de estar presente. Esse meu tio, o Zé Luís, foi uma das pessoas que mais me orientou em relação à vida profissional, acadêmica, me deu o violão que eu toco em casa, me apresentou o The Clash. Eu nunca tive um tio favorito, ou um amigo favorito, mas dentre todos os meus tios, era com o Zé que eu conversava melhor. O mais complicado é pensar que a gente nunca mais vai conversar ou tomar café - outra paixão em comum, além dos discos a granel.

No meu caso particular, nessa semana eu não consegui fazer nada direito. Nem pensar na vida, nem fazer o meu trabalho, nem nada. Melhor seria se eu tivesse ido pra Brasília ajudar as pessoas que estavam precisando. Não saí do canto, mesmo com tanta coisa pra fazer. Ou talvez justamente porque eu tenha tanta coisa pra fazer. A vida devia ter um botão de pausa que a gente apertasse e todo mundo entendesse que você precisa mesmo.

Mas como diz Júlia, que tanto tem me ensinado sobre os mistérios da vida, vamos simbola.

9.1.04

O poderoso Baldão

Ou uma das mil maneiras de a merda virar o boné.

Discos e mais discos, II (ou III)

Um dos maiores problemas de se ter muitos discos é aquela sensação de que existe ali, no meio daquela profusão de nomes e estilos, alguma coisa à qual você ainda não deu o devido valor. Eu estou aproveitando a minha mudança pra resolver esse problema. Como a gente não alugou um super-caminhão que trouxe tudo de uma vez, até porque precisávamos ver primeiro o que cabe aqui nessa casa, eu estou trazendo meus discos aos pouquinhos. Aí eles ficam numa caixa, e só sai da caixa direto pro tocador.

No momento, eu estou ouvindo um disco que já recebeu toda a atenção que poderia, o Arise do Sepultura. Esse foi o disco que botou o Sepultura no mundo, e também consolidou a posição dos caras como Bam-bam-bans do metal nacional. Eu me lembro de um mini-especial que a MTV fez com aquele show que eles fizeram em frente ao Pacaembu, em que morreu gente e tudo mais, e do clipe de Orgasmatron que saiu desse mesmo especial.

Os quatro caras ainda eram magrinhos, o cabelo do Paulo ainda parecia um Poodle gigante, mas eles já tinham moral pra deixar o Slayer dormindo mais preocupado. No Brasil então, não tinha parelha, nem de longe, por mais que o Sarcófago tentasse fingir que não estava nem aí. E o empresário dos caras na época, por mais absurdo que isso possa parecer, era o Miranda.

Esse disco é o último em que o Sepultura seguiu as diretrizes do metal vigentes na época, como as introduções com tecladinhos, as milhares de partes em uma música só, e os solos caretinhas. As letras descrevendo cenários apocalípticos. Sim, e a falta de baixo na mixagem. Depois eles resolveram arregaçar as mangas e fazer um dos melhores discos de todos os tempos, e também morar fora do país. Mas o Arise marcou época, e até hoje concorre pau a pau com qualquer disco do Bob Marley onde quer que o vinho carreteiro esteja à venda.

Marcou época mesmo. Todo mundo que pegava num violão nos idos de 91 / 92 tocava o riff de Orgasmatron antes de passar pra qualquer outra coisa. Eu mesmo cantarolo volta e meia a introdução de "Murder". Hoje o Sepultura não é tão bom quanto poderia ser, tampouco o Soulfly é uma banda tão legal quanto o Sepultura já foi. A banda brasileira de metal mais respeitada no exterior é o Angra, e todo mundo está bem mais gordo. Qual é o próximo disco mesmo?

7.1.04

Futebol

Ontem eu estava pensando sobre a minha relação com o futebol. Eu acho que se todo mundo fizesse, em algum momento da vida, duas listas, uma com as coisas para as quais você nasceu, outra com aquelas em que nessa encarnação não vai dar, o futebol entraria, no meu caso, na segunda. Futebol realmente não é um dos meus talentos, em qualquer lugar que eu esteja em relação ao campo.

Não se trata, entretanto, de uma hojeriza ao esporte bretão - o que me faz lembrar que o tênis, o cricket e o badminton, por exemplo, também são esportes bretões. Eu gosto, de verdade, de futebol. Sou torcedor do Flamengo desde que eu me entendo por gente, e até antes disso, quando os membros interessados da sua família cuidam para que você não vá torcer pro Vasco ou pro Fluminense. Torço também pelo glorioso Leão da Ilha. Eu comemoro as vitórias destes dois times, e também do escrete nacional nas contendas pelo mundo, e a minha comemoração e emoção são genuínas.

Mas eu não entendo porra nenhuma de futebol. Primeiro que eu nunca consegui jogar. É bem verdade que eu nunca consegui jogar absolutamente nada que não fosse Atari e Sinuca. Até dominó eu jogo mal. Mas em um país onde as pessoas nascem com a bola no pé, você descobre que não nasceu pra coisa cedo. É uma daquelas coisas que as pessoas geralmente só precisam lidar na adolescência, acordar pra realidade que existem coisas que você não pode fazer. Comigo foi cedo, aos quatro, cinco anos. E o detalhe irônico é que meu avô jogava bola pra cacete, e eu sou o neto mais velho. Todos os netos dele ganharam uma bola de futebol e um uniforme do Flamengo no primeiro ano de vida. Quase todos os outros sabem o que fazer com o primeiro item.

Segundo é que, apesar de gostar de assistir a uma boa partida, eu não entendo de futebol. A única coisa que me diferencia da mulher média que assiste a um joguinho ocasional é que a minha atenção não está voltada para as coxas dos jogadores, e que eu realmente sei o que é impedimento. Eu até consigo explicar. Mas de resto eu não entendo merda nenhuma. Eu sempre achei que o Zico fosse centroavante, até outro dia. O máximo que eu chego ao enumerar a escalação de um dado time, como o Flamengo campeão do mundo, são quatro ou cinco jogadores.

Pra mim, pessoalmente, isso foi compensado de outras formas. Eu entendo bastante de várias outras coisas, pra mim é fácil manter uma conversação interessante por horas, intercalando assuntos diversos, desde que não se fale de futebol. Sobre o futebol eu não consigo nem teorizar. A sorte é que os meus amigos - todos entendedores da bola dentro e fora do campo - sabem disso, e quando o assunto é inevitável numa ou noutra mesa por aí, eu simplesmente assisto, mas já desisti de tentar aprender alguma coisa. Principalmente porque eu sempre acabo esquecendo.

5.1.04

Acorda pra tomar gagau

A primeira segunda-feira do ano, e é aquela sensação de ressaca acumulada dos últimos quatro dias. Até pra mim, que não bebi. Fui andar na rua e vi o povo tendo que lidar com essa realidade, de que gente vai ter que enrolar de algum jeito até o carnaval...

4.1.04

Procurando um médico para a vaca beiço

Estou surfando a internet nesse domingo após o almoço. Procurando aqueles programas simples de geração de som que são super-divertidos de brincar em casa. Já, já eu vou tentar começar a escrever a minha dissertação de mestrado que tem que estar pronta em Março. Não estou tendo tanta sorte de achar coisas grátis. Parece que a era das coisas grátis está acabando mesmo. Mas sempre tem uns hackers amigos pra ajudar a rapaziada.

3.1.04

Miscêlania nº1, 2004. O post de ontem é mais bonito.

1 - Eu tenho lido muito o blog da Annie Mole sobre o Metrô de Londres. Provavelmente este e as histórias do Trigan Empire são as páginas em que eu tenho entrado toda vez que venho na internet. O que não é muito. Os textos mais recentes são sobre mapas do metro, e um dos exemplos que ela citou é engracadíssimo. Eu tinha colocado aqui, mas é grandão, então eu mandei pro fotolog. Olhem lá, o endereco é www.fotolog.net/recwiz.

2 - A minha irmã, Tia Malu, está organizando junto com uma rapaziada uma mostra de teatro chamada 200 nomes, nos dias 9, 10, 11, 16, 17, 18 do corrente no Atelier coletivo em Olinda - Rua de São Bento, onde foi o Engradado ano passado. Todo dia tem uma ou mais apresentações de grupos de teatro e também uma atração musical. Entre elas, estará este que vos escreve estas, com o Badminton - acústico, e esse projeto novo com Zyon e André. Vão no site (http://www.200nomes.cjb.net - eu esqueci o código pra fazer direito) da mostra e informem-se.

3 - Agora, moramos perto. Perto da casa e da escola de Júlia, perto dos estúdios. Eu nem lembrava mais como é isso.

2.1.04

Eu sou hoje o homem mais feliz do mundo

Minha filha hoje virou pra mim do nada e disse: "Papai, te amo, sabia?"

1.1.04

Quinta à tarde é só alegria

Ju, o que tu viu passando na rua?

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Coisas que eu quero fazer nesse e nos próximos anos (em qualquer ordem)

- Não ter mais medo de dizer "eu te amo".
- Levar Júlia no zoológico, na escola e não deixar ela esquecer que é a coisa mais linda desse mundo.
- Cuidar do meu irmão.
- Telefonar mais pra minha mãe.
- Não perder a fé de que as coisas vão se resolver.
- Deixar de frescura e ser feliz.

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Acho que eu já estou me sentindo melhor. Ontem foi divertido, eu fiquei em casa com a família de Júlia - Syl foi pra uma festa - e acho que foi melhor do que ir me amontoar na praia ou ir pra uma super-festa. Até porque depois dos fogos eu já estava morrendo de sono porque tinha acordado cedo.

Mas na hora que Júlia falou com meu pai no telefone eu não segurei, caí no choro mesmo. Tem umas horas que não dá pra segurar.