30.9.03

Então, como eu ia dizendo, estou em São Paulo pra masterizar um disco. Acabo de chegar do estúdio, e fiquei muito satisfeito com o resultado final. O estúdio, o Classic Master, é o bam-bam-bam da masterização no Brasil hoje em dia, também pudera, o Carlos Freitas decidiu se especializar nisso já faz algum tempo, e está mandando bronca.

Depois fui na FNAC comprar presentes pra minha filha, e aproveitei pra comer uns doces na Coco, Cravo e Canela. Comi um camafeu, uma bomba de chocolate e um quindim. E uma água com gás. Essa doceria fica na Cardeal Arcoverde com Simão Álvares, e é uma das poucas que eu frequentava quando criança que ainda estão na ativa. O camafeu estava show, é difícil achar um camafeu bom no Recife.

Em algum momento da minha vida eu decidi inconscientemente que São Paulo é a minha cidade natal. Eu nasci em Nova Friburgo, mas só fui lá uma vez e tudo o que eu sei da cidade é que tem uma praça. O resto eu ouvi dos dois avôs da minha filha, principalmente o Sérgio, que estudou lá um tempão. Então como foi aqui que eu cresci, aprendi a tocar violão e a atravessar a rua, é aqui que eu me sinto, digamos assim, em casa, ou no lugar em que eu nasci.

29.9.03

Ontem fizemos uma festa aqui na minha casa. Quando eu digo minha casa eu me refiro à casa do meu pai, onde moram os gibis e os discos e eu durmo umas duas ou três vezes por semana. É uma casa grande, com piscina e churrasqueira, que foi comprada pra acomodar uma família de cinco pessoas e vários animais, portanto, ideal para festas.

A tertúlia em si partiu de dois motivos. Motivo um, o aniversário do Gerardo, que prometeu (e cumpriu) estar aqui para a comemoração. Motivo dois, a despedida de Leo e William, que amanhã vão para o Reino Unido cuidar de suas vidas e dar uma instigada bacana na carreira de produtores de música eletrônica. Alugamos um som profissa, organizamos três shows (do Vamoz, da Parafusa e do Badminton) e convidamos os amigos. Júlia também veio, o que pra mim e todos os presentes foi uma dádiva, e a festa teve o número certo de participantes, nem demais nem de menos.

Apesar de trabalhar muito, eu gostei demais da festa também. O show do Vamoz foi muito bom, e eu acho que Gomão está feliz pra caralho com a banda nova dele. E por conseguinte, estamos todos também, porque está bem claro que ele está fazendo o que gosta. O outro guitarrista da banda, o Henrique, também está foda. O cara parece tocar melhor a cada dia.

Wadner também veio, e Lhô, e ficamos ouvindo um disco que Wal organizou com os originais das covers que tocávamos na época do Dreadful Boys. Nostalgia é bóia.

O segundo show foi da Parafusa, que fez uma apresentação impecável. Os caras estão tocando demais tb, e é um daqueles shows onde você vê um entrosamento na banda que é raro encontrar por aí. O show deles eu não pude ver tão bem pois dei banho, fiz o jantar de Júlia e também tive que cuidar de outras coisas de ordem prática na festa. Júlia também gostou muito de ficar sentada na moto de Homero, então nós passamos muito tempo brincando de subir e descer da moto.

Entre a parafusa e o Badminton, Ju e Syl voltaram pra casa. O show do Badminton não pode ser propriamente chamado de show, foi mais um combinado de músicas que nós já tocamos no passado, ou uma jam session de luxo. Porque só tinha um ampli de guitarra disponível na hora, André ficou de fora. Charles não veio, então sobrou mesmo pra Gerardo a responsabilidade de assumir o posto de onde nunca deveria ter saído, e Leo estava afim de tocar, então pela primeira vez tivemos um tecladista de verdade. Acho que essa formação, mais André na segunda guitarra, é o dream-team pra mim em relação ao Badminton. Nunca vai rolar, mas dá bastante corda pra você pensar como seria a banda num mundo paralelo.

Passamos pelas covers habituais, e terminanos com Hoochie Coochie Man, que Igor veio cantar, atendendo a pedidos do meu pai. Aí foi a desculpa necessária pra Gomão pegar a guitarra e fazermos uma reunião de última hora do Supersoniques.

Essa foi a primeira vez em dois anos que nós quatro estivemos no mesmo lugar ao mesmo tempo, e tocamos juntos. Na última vez antes dessa, eu estava puto da vida, e apesar de já saber que aquela seria o último show do Supersoniques como banda existente, não consegui relaxar e gozar. Me arrependo muito disso, e de ter discutido com Syl por causa disso também. É uma daquelas coisas que eu gostaria de mudar se nos fosse permitido voltar no tempo. Desculpa.

Obviamente, o show não foi lá essas coisas, digamos assim, musicalmente. As músicas do Supersoniques tinham muitas passagens e detalhes que a gente esqueceu depois de dois anos. E lembrar das harmonias todas em cima da hora pra passar pra Leo foi meio difícil também. Mas mesmo assim, o momento foi emocionante.

Tocar com uma banda que acabou é, pra usar uma analogia que a maioria das pessoas vai entender, como fazer amor com alguém que você não vê há muito tempo, mas que já foi uma das coisas mais importantes da sua vida de outrora. É um transporte instantâneo pra outra época, ou pra outra vida, como se você estivesse vivendo na pele de outra pessoa por alguns minutos. Você recorda e reconhece detalhes mínimos, os quais você achava que já tinha esquecido. Você instantaneamente lembra de momentos específicos e coisas que aconteceram há muito tempo, e pensa em como foi possível que aquilo tudo tenha acabado, ou como você gostaria que as coisas voltassem a ser como já foram. Mas quando tudo acaba, você sente que agora a vida é outra, e que aquilo não faz parte de vocês hoje em dia. O que não estraga de forma alguma o momento, só lembra a todos que o tempo realmente passa, e que nada acaba ou começa por acaso.

Mas foi bom e todo mundo que viu, curtiu. Vinnie Boy ficou gritando que a banda tinha que voltar, e com o provável retorno de Gerardo e Micheline pro Recife, acho que essa é uma pergunta que todos vão nos fazer algumas vezes. A gente vai tocar mais uma última vez, pra lançar o disco que gravamos, também, há dois anos, e pra esse show é bem capaz de nos ensaiarmos e tudo mais. Mas acho que, pra nós quatro, o Supersoniques foi o que foi, e não é mais.

A festa terminou não muito tarde, depois que nós combinamos todos os sacos de salgadinho que tinham permanecido intocados até o momento em um grande misto de sabores artificiais diferentes. Eu fui com Gomão e André até um posto comprar alguns refris e cervejas pra o pessoal encarar tantos salgados, e ficamos contando histórias na beira da piscina até todo mundo ir embora. E foi isso aí.

27.9.03

Se um dia eu tiver a vida que pedi a Deus, alguns momentos vão ser como agora. Estou em casa ouvindo som - sobre o qual eu vou falar mais no próximo parágrafo, esperando a rapaziada passar aqui pra gente ir tocar em João Pessoa de tarde. Pense numa vida mansa. Hoje rolam três shows de bolso numa loja na capital paraibana, pro lançamento de uma coletânea de um amigo nosso, o Ricardo Cabeça. Aí vamos eu, Felipe e André representando o Badminton, Gomão e Henrique representando o Vamoz, tocar uns violões para os batalhadores do rock alternativo lá no Tambaú.

O disco que eu estava ouvindo mas acabou é o primeiro do Jakokoyak, e chama-se "Am cyfan dy pethau prydferth", e obviamente eu não faço a menor idéia do que isso quer dizer. Essa banda é um cara que estudou comigo no mestrado em Bangor, o Rhys Edwards, e esse disco ele lançou no selo dele, o Peski. Tem um link na seção ao lado, mas é fácil, www.peski.co.uk. Esse primeiro disco é muito bom, e é uma coleção de músicas que o Rhys gravou entre 98 e agora. Vale a pena descobrir um jeito de ouvir, acho que no site do selo deve ter mp3's e tal.

É importante ressaltar que a maioria absoluta das músicas do disco é cantada em Galês, então ao menos que você fale, ou conheça alguém que o faça, você também não vai entender nada, porque o disco não traz nem letras, avalie letras traduzidas.

E vamos pra JP. Hoje eu vou tocar gaita em duas músicas, vai ser um roubo medonho.

25.9.03

A música é bonita, e nestes tempos pós-coração partido que eu vivo é até bom ser indulgente na melancolia de vez em quando. A versão é boa, não tão boa quanto o original. Mas hoje eu já ouvi "Você não me ensinou a te esquecer" umas cinco vezes hoje. Já está chegando ali, no limite do chiclete. Eu mesmo já estou cantarolando uma versão envolvendo drogas ilícitas no lugar da letra. Estamos correndo um risco grande de termos a versão 2003 de "Sozinho" em tempo hábil para o Natal se tornar um festival de Caetanos por aí.

E olha que eu ainda não vi o filme, de onde a música saiu. Quero ver, mas estou começando a ficar com medo, pois me disseram que a música toca umas três vezes. O risco é grande de acabar estragando, e eu achar que o especial da televisão foi melhor.

No mais, links novos. E no site das fotógrafas supersexies tem ensaio novo também. Ainda não vi, mas de todos os que eu vi até hoje eu gostei pacas.

Paz, amor e eu trabalhando até duas da madrugadis...

22.9.03

Hoje o dia está bem bacana. Consegui resolver algumas pendengas, revelar fotos da viagem ao Maranhão e também fotos novas de Júlia, finalmente peguei o teclado novo que eu comprei, e abriram uns espaços aqui no estúdio que vão permitir a conclusão de um projeto dentro do prazo sem que eu precise virar coruja. De forma que eu acabei relevando o stress de ter que ficar mais de uma hora no banco e não conseguir resolver quase nada do que eu tinha me proposto a resolver quando fui lá. E ainda fiquei uns quarenta minutos na fila do caixa eletrônico atrás de um travesti que não enganava a ninguém. Dava pra ver as bordas da peruca e o cara não fez a barba direito hoje.

Entrou no ar uma entrevista deste que vos escreve sobre a produção do disco de Maciel Salu & o Terno do Terreiro, no qual estou trabalhando. Se o link que acima não funcionar, fica em http://www.pagina21.com.br/home-cham-7209.html, copiem e colem no navegador de vossa preferência. Pra quem não me vê faz tempo, e isso não deve ser pouca gente, desculpem o susto com o tamanho da barba.

Tenho conversado com pessoas diferentes sobre a minha barba. Alguns recomendam que eu vá a um especialista para que ele ou ela dêem um grau e tudo mais. Estou pensando em ir, mas fico com um pé atrás porque eu acho barba muito bem cuidada um negócio meio duvidoso. E o cara precisa se barbear com a mesma frequência de quem quer manter a cara limpa, é fogo. Mas vou ver o que pode ser feito.

E ontem eu fui ao cinema depois de algum tempo, ver o filme sobre o Paulinho da Viola. É emocionante, mas achei o som do filme muito precário. Tudo bem que boa parte era culpa do som do cinema, que pra vocês terem uma idéia começou a exibição só com as caixas de grave funcionando, até que as pessoas foram reclamar. Mas mesmo assim eu achei as mixagens do filme meio precárias, o som direto comprimido demais, e o cara podia ter usado uns microfones melhores pra captar o som das músicas, principalmente do Paulinho solo ao violão. O som do violão do pai dele, o César Faria, foi quase todo de captador e estava bem ruim tb. Mas entendo que o cara pode ter tido limitações orçamentárias sérias e não pode dispor do equipamento necessário. A vida é assim.

19.9.03

São onze horas da sexta-feira, e eu finalmente cheguei em casa depois de três dias na rua. "Como esse rapaz é farrista", já pensaram aí alguns de vocês. Quisera eu, penso aqui. Eu estive na rua esse tempo todo porque simplesmente não consegui voltar. Sério mesmo. Nem na época em que eu morava lá onde o vento literalmente fazia a curva eu costumava ficar tanto tempo fora. É claro que eu não dormi na rua, entre os necessitados, dormi na casa de Júlia, na casa da minha mãe, lugares que sempre me acolhem com a dose necessária de carinho e tudo mais, mas não é a mesma coisa.

Na minha casa tem os meus gibis, que eu não tenho tempo de ler, os meus discos, que eu não tenho tempo para ouvir, e mais um monte de coisas que eu vejo brevemente umas três vezes por semana. Mas só o fato de estar entre elas é aconchegante. Melhor só se a minha filha morasse comigo, mas isso parece aí que é meio difícil mesmo de acontecer.

Aí Mônica me deu uma camiseta outro dia, com os dizeres "Sou feio e moro longe". Ela me deu porque é uma peça de teatro que o marido dela dirige, mas eu sei que eu ganhei pra usar como uma espécie de sinopse minha para as pessoas que não me conhecem.

É bem verdade que eu não sou tão feio assim. Na verdade, a minha mãe e todas as minhas namoradas - quando namoravam comigo, é verdade - sempre disseram que eu sou até bonito. Talvez não tão bonito quanto o meu amigo da época que elas estavam a fim quando se aproximaram de nós, mas que eu também não sou assim de se jogar fora. Mas imagino que esteja meio difícil de ver qualquer coisa que se esconda por baixo dessa barba toda, seja ela bonita ou feia.

Mas morar longe, isso eu moro. E como. Aí acho que seja interessante já ir avisando. "Veja bem, se você tirar a minha barba, pode ser que eu seja feio, e além de tudo eu moro longe". Acho pelo menos decente. Imagina só, eu conheço uma popet aí, rola um clima, aí um belo dia eu apareço barbeado, chamando ela pra vir ouvir Rolling Stones na minha casa em Jardel. Que roubada. É melhor avisar.

18.9.03

Eu tenho uma foto pra botar aqui, mas parece meio difícil. Ia fazer um fotolog, mas está meio suspenso lá. Putz.

15.9.03

Novos links, aquelas coisas de sempre.
Constatações de um domingo à noite:

1. Tem coisas que só a internet faz pra você. Além das propostas para aumentar o pênis. Eu estou conversando ao mesmo tempo com um amigo de infância, uma ex-aluna e com a mãe da minha filha. Pra que isso acontecesse num espaço real, eu ia gastar a maior grana.

2. Eu realmente estou ficando velho. Recentemente eu me diverti mais voltando à pé pra casa de noite do que nos lugares de onde eu saí pra ir pra casa à pé.

3. A melhor parte do quindim é a de cima. A minha avó tem a manha de fazer um quindim com uma parte de cima gigante. Ela também faz profiteroles e tortas de maçã e de limão. Não existe nada no mundo mais eficiente do que uma boa avó.

4. A pior noite pra sair em São Paulo é a noite de sábado.

5. O revival dos anos 80 (que por sua vez foi um revival dos anos 50 com mais neon e blush) já chegou, sentou e está tomando um cafezinho com um pé em cima da mesa de centro.

10.9.03

A melhor coisa desses comentários é ver que as pessoas visitam e lêem o seu blog. Fantástico. O texto sobre a fundação da ANARA realmente é o campeão de comentários até o momento, nem poderia ser o contrário, uma vez que o tema se mostrou um tanto quanto controverso. Mas é bem verdade que o novo paradigma de charme masculino desengonçado é uma realidade, o que podemos comprovar pelo comentário de Cecília, cujo blog também acabou de ser incluído na seção Blogs ao lado.

O que nos leva a uma outra discussão interessante. Nem adianta eu dizer que os motivos de eu ostentar hoje em dia uma vasta barba nada têm a ver com o sucesso junto ao público feminino do Los Hermanos, porque as pessoas realmente insistem em dizer que eu estou inventando desculpa. Até porque no dia em que eu achar que a minha barba do jeito que está vai servir pra ganhar mulher, é porque não vai dar mesmo. MAS é verdade que eu tenho visto uma porcentagem maior de barbas por aí. Pode ser uma tendência mundial também, ou então, como sempre, alguns caras estão deixando a barba crescer enquanto outros estão se barbeando todos os dias. O Tiago, por exemplo, é um cara que volta e meia (como eu) acaba deixando a barba crescer mesmo.

Poderíamos fazer inclusive uma enquete: Quantos amigos seus você acha que deixaram a barba crescer pra pegar as rebarbas (eu sou um gênio) dos Los Hermanos? Respondam aí nos comentários. Eu mesmo trabalho em um ambiente em que, atualmente, contabilizamos três barbudos e quatro barbeados. Nenhum dos três, e olha eu aí, está apostando nas fãs dos Los Hermanos, até porque elas ficam lá junto do palco e depois do show estão suadas demais. E dois deles, o outro sou eu mesmo, tem namorada.

Vou nessa.

9.9.03

Eu ia escrever, mas estou com sono. Tem links novos na seção "Músicos". Só o amor salva.

Z

8.9.03

Caros amigos e leitores deste modesto espaço, estou aqui hoje lhes dirigindo a palavra escrita para anunciar a criação do meu mais novo projeto. Trata-se de uma associação, a ANARA, ou Associação Nacional dos Agradecidos ao Rodrigo Amarante. Esclareçamos pois do que se trata. Antes de mais nada, aos que porventura não saibam, cabe aqui dizer quem é o Rodrigo Amarante. O Rodrigo Amarante é um barbudo que toca guitarra no Los Hermanos. É, verdade, tem dois, mas ele é o que antes cantava mais backing vocal e hoje divide os vocais com o outro barbudo que toca guitarra, que por sinal chama-se Marcelo Camelo.

Venho percebendo, através de sites e blogs de meninas na internet, que existe um novo paradigma de charme masculino baseado nesse cidadão, o Rodrigo Amarante. Eis que esse novo paradigma abre todo um filão de interação com o sexo oposto para uma categoria de membros do sexo masculino na qual eu provavelmente me encaixo. Explicando o porquê.

O referido Rodrigo não é bonito. Ele também não é feio, note-se bem, mas definitivamente ele não é uma beldade. Aquela testa, por exemplo, é grande demais. Agora que ele está de barba grande, até convence um pouco pelo lado rústico, talvez, mas ele definitivamente não é um Gianechinni ou um Marcelo Anthony.

Pelo que venho percebido nos videoclipes do conjunto Los Hermanos, assim como em suas apresentações na cidade do Recife, onde aliás eles tocam a cada quinze dias, tampouco o mancebo é detentor de um físico invejável, daqueles de acender as chamas da luxúria na mais aposentada das bacurinhas. Provavelmente, trata-se de um zitolibador que ocasionalmente joga uma pelada.

Antes de prosseguir, preciso tornar claro que eu não conheço pessoalmente este rapaz. Já conversei uma ou duas vezes com seus cupinchas Alex e Marcelo, mas nunca tivemos a oportunidade de nos encontrarmos e trocarmos algumas idéias. Parece-me que ele namorou com uma amiga minha durante a turnê do primeiro disco, aquele da Anna Júlia, mas com certeza nada sei.

Por fim, percebo também que ele não é um exímio praticante da arte de se vestir bem. Aliás, nenhum dos Los Hermanos o é, na verdade eles se vestem como a maioria dos caras da nossa idade, bermuda, camiseta, uma camisa de botão aqui e ali, talvez um terno com cara de emprestado do pai. Coisas do mundo moderno.

Mas eis que enfim nosso caro Rodrigo Amarante está colaborando para chamar a atenção das garotas para nós que não somos bonitos, somos um tanto desengonçados e não nos vestimos com todo aquele apuro. O rapaz trás para nós uma esperança, de que mulheres realmente estejam interessadas em caras que, apesar da falta de atributos visuais, tem uma boa conversa, sabem fazer um carinho e cantar uma canção de amor. O mundo me parece um novo lugar para se viver.

Valeu Rodrigo,

Nesta,

José Guilherme Lima
Presidente e sócio-fundador da ANARA

6.9.03

Vini, vidi, vici. Inseri comentários. HTML pra mim é brinquedo. Sou o rei da internet. Daqui a pouco eu começo a pirar nos layouts. Trata-se, indubitavelmente, de um gênio, um homem preparado para encarar o futuro de frente, sem medo da tecnologia. Bill Gates que corra os dedos pelos cabelos que lhe restam, de preocupação. Mas encontro-me prestes a encarar um grande desafio, páreo duro para o mais irredutível dos mortais. Vou dormir no quarto de Júlia, e os vizinhos hoje resolveram que todo o bairro do Parnamirim necessita ouvir, alto e repetidamente, o Zeca Baleiro cantando "Proibida pra Mim", seguida daquela música em que ele diz que hoje acordou com vontade de dar a bunda, ou um beijo que seja, no padeiro ou no guarda.

Voltando aos vizinhos, eles são assim, filantrópicos. Volta e meia resolvem compartilhar, sem miséria nos decibéis, o seu gosto musical com a vizinhança. Vejam só que coisa boa, que ato amigável, imbuído do mais sincero altruísmo. Realmente há uma esperança para aqueles que vivem na terra.

Então lá vou eu. Encarar os delírios do Zequinha tentando pegar no sono. Sábado a noite. Solteiro, liso e cansado. Logo chega o dia em que, se eu disser que nem sempre foi assim, as pessoas simplesmente não vão acreditar.
Você sabe que há algo de errado com a sua vida quando o dia da semana em que você vai se deitar mais cedo é o sábado. São nove e meia da noite, e eu tenho energia pra mais meia hora e olhe lá. Hoje tem show pra ir, filme pra ver na televisão, mas não só eu tenho que estar no trabalho às nove da manhã do domingo, como estou morto. Sério mesmo, não sirvo pra mais porra nenhuma. E são só nove e meia.

5.9.03

Sexta feira chuvosa, o dia está só começando. Hoje o bicho pega até dar uma dor. Como aqui no Fábrica o trampo está sossegado, estou aproveitando pra dar uma guaribada aqui no blog, dei uma mexida nos links, e no meio do nada eu peguei com a minha irmã o telefone de um velho amigo meu, o ilustríssimo Marcelo Vourakis, a.k.a. Salsicha, cantor original do Maskavo Roots, hoje engrossando as fileiras d'Oscabeloduro e outras. Consertei o link do blog da Clara, e agora estou tentando implementar os comentários...

1.9.03

Eis que, em três dias de maranhão, eu ainda não ouvi nenhum reggae, e só comi os bombons de cupuaçu que comprei no aeroporto mesmo. Sou um turista muito do safado mesmo. Em compensação, pode perguntar das botadas mais inacreditáveis da ilha que eu sou local. Ontem fomos gravar numa outra ilha, das pequenas, que fica no meio de um manguezal, e pra chegar lá atravessamos uma ponte digna do Indiana Jones, daquelas que são metade inclinadas prum lado, metade pro outro e balançando.

Hoje é a primeira vez, desde sexta, que eu entro em algum ambiente que não seja o quarto de dormir ou algum lugar onde vamos fazer gravações. É uma parada intensa, mas em compensação a gente vê coisas que não estão presentes em qualquer viagem. No sábado fomos pra uma festa de Tambor de Crioula muito bonita, com as mulheres de todas as idades dançando de um jeito que você já não vê mais por aí. Deu até vergonha de estar com um monte de microfones espalhado pela sala. Tinha umas meninas um pouco maiores que Júlia que já rodopiavam pelo salão, isso lá pra uma da manhã. Só vendo mesmo.

Resolvi que lavar roupas é bom pra saúde, tb. Consegui um preço bacana, oito contos, sem passar, até porque vai tudo pra garrafa onde eu guardo as minhas camisetas (eu ando com uma garrafa dentro da bolsa pra guardar as minhas camisetas - pra justificar a pergunta e a falta de ferro), tudo pronto às seis horas da tarde hoje. Nunca me senti tão limpinho.

Mas eu precisava realmente lavar pelo menos a minha camiseta branca que eu trouxe. Porque eu esqueci em Recife que precisava trazer mais camisetas que não fossem pretas, uma vez que elas não são bem vistas em terreiros de uma forma geral. Coisas da vida e das religiões afro-brasileiras. Acho que o mundo do metal deixou sequelas demais no meu guarda-roupas.